Então que nós dois éramos melhores amigos. Daqueles de dar carona, estudar pra prova, levar junto para a apresentação da banda (ainda não falei da turma de músicos do Fer, né?). De consolar quando briga com a namorada. De pedir ombro pra chorar, quando eu brigava com o meu namorado.
Eis que estávamos no final do segundo ano de faculdade e o Fer fazia tiro de guerra. Ôh época sombria para os meninos! Todos reclamam quando estão lá dentro. Todos sentem falta quando saem e classificam aqueles dias como "uns dos melhores da vida". E depois dizem que nós, mulheres, é que somos complicadas!!! Hã???
O Fer morava com a tia dele, fazia faculdade de manhã, estagiava à tarde, saía com seus primos quase toda noite e acordava todo dia seguinte às 5hs da madrugada, vestia farda e ia pro quartel.
Eu ia pra faculdade às 6:40hs, quando conseguia um carro, ou mais cedo, quando estava de carona. Podia ir pela avenida debaixo de casa (quase sempre porque lá passavam todos os ônibus circulares) ou pela de cima, que dava na mesma, pois as duas se encontravam lá na frente e acabavam na faculdade. Naquela manhã, eu estava de carro e fui pela avenida de cima.
Na esquina da minha rua com a avenida de cima, tinha ocorrido um acidente fortíssimo! Um carro tinha atravessado a avenida toda e batido numa árvore do outro lado, praticamente já no começo da minha rua. Era horrosoro! Tinha muita gente, ambulância, metal retorcido, etc. Não olhei muito para não ficar impressionada e segui para a faculdade.
Estávamos no meio de uma aula e alguém me mandou um bilhetinho: "o Fer sofreu um acidente de carro, agora de manhã, e está no hospital, não sei em que estado." Levantei e saí. Simples assim. Sem educação assim. Não pedi ordem, não avisei, não combinei. Levantei e fui. Quem quis, veio junto! Eu sabia, de algum jeito, que era aquele acidente horrível que eu tinha visto e, sinceramente, morria de medo do que pudesse ter acontecido.
Lembro de entrar no hospital com o Guilherme, um amigão nosso que estudava alguns anos à frente, mas que tinha entrado pra nossa turma. Eu corria pelos corredores e não achava o quarto ou alguém que desse informação! E o Guilherme me acalmando. Mas eu sabia o que tinha visto...
Achamos o quarto e a mãe do Fer estava lá. Foi assim que eu a conheci. Me apresentei e perguntei por ele. Não sei muito bem, mas ele não estava ali. Acho que ela falou que ele estava sendo suturado... Acho que era isso.
Ele tinha ido muito cedo para o tiro de guerra e não tinha comido. Descobrimos, meses depois, que aquele tinha sido o dia mais quente do ano. O Fer e um amigo do tiro (bjos, carinha! Saudades!) tinham ido cortar o cabelo antes da aula, pois teriam desfile de 15 de novembro dali uns dias e precisavam estar em ordem. Além disso, o sargento tinha mandado eles levarem mais algumas coisas em alguns lugares. Eles pegaram o fusca do Fer e foram. O Fer dirigia porque nosso amigo não sabia dirigir. Mas, o sol + a falta de comida + o esforço físico + o calor resultaram em um desmaio e o Fer "apagou" dentro do carro. Quando nosso amigo percebeu, o fusca ia em direção à traseira de um caminhão! Tudo o que nosso amigo conseguiu fazer foi puxar a direção para o outro lado, para desviar do caminhão! Então, o fusca atravessou toda a avenida (sorte que o semáforo estava fechado) e foi colidir com uma árvore do outro lado, no comecinho da minha rua!
Naquela época, o cinto não era obrigatório. Se era, o Fer não usava. Porque quando o fusca bateu na árvore, ele foi lançado para a frente (e só não saiu do carro porque nosso amigo estava com o corpo entre o Fer e o volante, puxando a direção). O vidro do carro quebrou e o limpador de para-brisas veio direto no pescoço do Fer. O bombeiro que o socorreu disse que ele tinha "dado muita sorte" porque o limpador tinha cortado o pescoço dele longe da jugular... por 2 ou 3 milímetros!!! OBS: pessoas que me lêem: please, usem o cinto de segurança! Ele existe para a sua própria segurança!!!
Enquanto o Fer não chegava no quarto, eu ficava pensando no que ia fazer, no que ia dizer, quando ele chegasse. Eu queria me preparar. Eu não queria ter um ataque de choro na frente do meu amigo! Ele já estava todo machucado, teria que se preocupar com um monte de coisas dele (as provas estavam chegando e ele perdeu um semestre da faculdade porque um dos professores não aceitou que ele fizesse prova em outro dia!), para se angustiar de uma amiga chorona.
Então... ele chegou! E eu fui na direção dele, serena, conforme combinado comigo mesma, para dar dois beijinhos e falar "oi. Tudo bem. Estamos aqui. Se precisar, é só falar. O que posso fazer para ajudar." Mas, quando olhei para baixo... não tinha onde beijar. O rosto dele era um monte de linhas pretas dos pontos que foram dados às pressas. Só que eu já ia em direção a ele e não podia voltar... Então, afastei os cabelos e dei um beijo na testa. Demorei, engoli em seco (para não chorar) e me levantei, de novo. O resto foi conforme o planejado: "oi. Tudo bem. Estamos aqui."
Me lembro que aquela foi a 1a (ou teria sido a 2a) vez que eu vi a namorada dele, também. Mas eu era só amiga, não estava fazendo nada demais, não sabia que ela tinha ciúme de mim. E tinham vários outros amigos e amigAs, lá no hospital, também.
Tempos depois, quando ficamos juntos, o Fer me disse que a mãe dele tinha me adorado, desde aquele dia. E que, a partir de então, começou a fazer uma torcidinha a meu favor. Uhuuuu! Só que ele não pensava em mim, assim... nem eu pensava nele, desse jeito... até...
12 comentários:
Ai meu Deus! Que agonia! Acho que só vou voltar aqui de novo qdo vc terminar essa série! ahuhuhuahuahauhua... cenas do próximo capítulo!
E a sogra hj em dia, vcs são amigas!? Tem contato direto!?
bjo grande!!
Oi Mirys!
Adorei seu blog...A historia do acidente é meio triste, mas estou curiosa para saber do resto...rsrs...
Obrigada por visitar meu blog!
Beijos
Juliana
http://miscelaneadajuju.com
www.lasantastore.com.br
História booooa de ouvir!
bjocas
ANSIOSA
me limito a dizer isso
kkkkkkkkkkkkkkk
Misla.
Lembro-me perfeitamente do acidente do Fer.... e do exercito.... afinal, ele sp reclamava de ir...
O rosto dele ficou com marcas...
Mas continuou delicado... sp....
Sem palavras, novamente..... bjs
Mari:
NÃO FAZ ISSO NÃO!!! VOLTA TODO DIA!!! kkkk
Hoje, eu e a só temos um relacionamento muito bom, sim. Vira e mexe eu (ainda) durmo por lá ou ela vem pra nossa casa. Tudo como deve ser a relação de avós e netos e mãe dos netos.
Ah! E ela vive fazendo roupinhas pra mim! Yupi!!!
Bjos e bençãos.
Mirys
Juju:
Amiga da Dani é minha amiga, também! Seja super bem vinda!
E aí... já conseguiu se inteirar da história inteira? Tem muito mais partes divertidas do que tristes.
Bjos e bençãos.
Mirys
Carol e Misla:
Aguardem, meninas, pois vai ficar beeeeeeeem melhor!!!
Bjos e bençãos.
Mirys
Megs: é ... o Fer ficou com uma cicatriz imensa no rosto e no pescoço, da qual ele morria de aflição.
Anos depois, nós acabamos sendo operados "juntos": eu para resolver minha respiração e ele para tirar o quelóide que se formou. Mas isso já é outraaaa história!
Bjos e bençãos.
Mirys
Jura?????????????
Entao anota ai pra vc contar essa historia pra nos mais tarde....
bjs
Pois é... o nome do amigo do acidente é Luisinho, ou melhor, na época do Tiro de Guerra, "Filho"!!!
Hoje ele é repórter em São Paulo, numa dessas emissoras grandes...
Acho que, quem sabe, já não era para ter acontecido o pior "naquele" acidente, e Deus deu ainda mais oportunidade, mais um tempo para ele deixar bons frutos por aqui...???
Estive pensando nisso outro dia...
AMO VOCÊS!!!!!!
beijos,
Prima Si
De qualquer forma, imagino o choque de vê-lo assim. Não deve ter sido fácil!
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