quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Hora H 9 - o post e a resposta (Diário da Mirys)

Como nada por aqui (Brasil) acontecia, eu resolvi ir pro outro lado do mundo e sentir o doce gosto de ser... eu! Só eu! Era uma experiência mágica se sentir um “livro em branco” e poder contar pras pessoas as partes da minha vida que eu QUISESSE contar! Eu achava que, lá, na Alemanha, eu estaria “protegida”, só pelo fato das pessoas não me conhecerem! Ninguém ia olhar pra mim, fazer cara de triste na hora e pensar “tadinha... tão jovem, tão bonita, tão inteligente e tão viúva...”

Fiz um post sobre gostar de voar, fechei as malas e fui embora!

Só que foi bem lá, na Alemanha, que eu tive a minha pior crise. Quando eu estava longe de tudo e de todos (e das crianças) e podia chorar. Eu traduzi o casamento (civil e religioso), conforme combinado, mas ouvir aquelas frases de “felizes pra sempre”, “eu prometo ficar com você até o fim dos meus dias”, em suma, “o meu plano é ficar velhinha do seu lado” e viver aquele plano quebrado foi demais pra mim. Eu rachei! Eu chorei, chorei, chorei. Sai pra caminhar e briguei com o mundo inteiro! Se eu tivesse visto um mísero casal de velhinhos, naquela tarde, eu juro que acho que teria ficado por lá mesmo... tinha virado pedra e passaria a ser uma estátua da cidade. “Agora, olhem, à sua direita, temos a estátua de Miriane, a brasileira. Diz a lenda que ela veio pra Alemanha, nos idos de 1700, foi picada por um mosquito até hoje desconhecido e... virou pedra.” Ou qualquer coisa desse tipo!

Mas, pra minha salvação, eu tinha uma tia-madrinha por lá. Pro meu alívio, ela me conhecia desde criancinha (então, qualquer relato sobre a minha vida seria desnecessário). Para minha tristeza, ela compartilhava da minha dor: ela também tinha ficado viúva jovem. Muito jovem, pro meu gosto. Mas, naquela hora, existia um plano por trás disso tudo e nós duas conseguimos conversar: de igual pra igual.

“Tia, eu estou sozinha. SO-ZI-NHA! E eu não aguento mais fazer de conta que isso não me incomoda...”
“Eu sei, Mirys...”
“Tia, eu tenho chorado e orado e pedido por alguém, mas é muito difícil encontrar alguém que, nessa fase da vida, ainda não tenham ‘um alguém’...”
“Eu sei, Mirys...”
“Tia, eu tenho a sensação de que, quando eu saio, ninguém olha pra mim!!!”
“Eu sei, Mirys...”
“Tia, eu estou completamente NULA nesse negócio de sair, paquerar, flertar! Não consigo olhar pra alguém (na verdade, pras costas de alguém) sem chorar...”
“Eu sei, Mirys...”
“E tia, tem um amigo meu que me disse o que eu estou fazendo de errado: eu não mantenho o olhar. Eu não olho, quando me olham.”
“Sério, Mirys??? Disso eu não sabia! E aí, qual é o truque, então???”
“Pelo que ele me disse, tia, tem gente que me olha, quando eu saio do casulo, mas eu não olho de volta. Eu não consigo! Mas, segundo ele, é exatamente isso – e só isso – que eu deveria fazer. Keep the eye contact!”
“Bom, então, Mirys, você tem que praticar!!! A partir de agora, você vai se arrumar, vai sair, vai sorrir, e, se alguém te olhar, você vai olhar!!! Não importa se não resultar em nada, na 1ª, 2ª, 3ª, 1000ª vez. Esse vai ser o nosso novo lema, tá bom? Praticar!!!”

Combinado feito (com a tia), lição aprendida (com o amigo H), e, algumas besteiras que eu continuava fazendo depois... eu beijei um alemão!

Oh-lálá! (não... muito francês pra essa história)
Benzadeus! (não... muito brasileiro pra essa história)
FREUD-XUCRUTS-MARX!!! (pronto, uma expressão alemã o suficiente)

Voltei pro Brasil me sentindo outra pessoa!!! A minha reação tinha mudado, o meu astral tinha mudado, EU tinha mudado e as coisas começavam a entrar nos eixos normais. Na primeira semana que eu estava no Brasil, eu sai de casa, eu falei com as pessoas, eu sorri. E, no final de semana, recebi 5 telefonemas! CINCO!!!! Meses e meses sem uma ínfima comunicação celular masculina (exceto o Guigo, meu pai, meus irmãos e meus cunhados) e, de repente, eu tinha que GERENCIAR ligações!!! Delícia!

Uma ligação era de um ex namorado. Mas a vida tinha seguido, pra nós dois, e as diferenças que tinham nos separado lááááááá atrás, hoje, formavam um abismo impossível de ser transposto. Éramos completamente diferentes (e ele estava namorando! #vergonha). Então, não ia rolar... Outras três ligações me deixaram super lisonjeada e ouvi coisas que qualquer garota gostaria de ouvir (tipo ser o último pensamento de alguém antes de dormir e o primeiro ao acordar), mas os três me conheciam de antes, conheciam o Fer, tinham sido amigos dele. E eu não consegui afastar o pensamento de que seria muuuuito estranho estar, um dia, num barzinho, ouvir uma música e pensar “nossa, o Fer gostava / não gostava dessa música” e saber que a pessoa que está do meu lado poderia ter o mesmíssimo pensamento!!! As minhas lembranças do Fer, eu gerenciaria. Mas as lembranças dos meus possíveis futuros namorados eram um peso estranhíssimo pra se carregar. E eu descartei todo mundo.

E uma ligação foi do H. Sem nada demais. Só coisas do tipo “e aí, voltou? Como foi a viagem? A gente precisa sair, uma hora, pra você me contar”. E eu contei pra ele que tinha usado a técnica dele (#fail – eu só fui beijada na Alemanha porque o moço foi persistente! Minha participação foi menos zero!!!) e que eu tinha beijado alguém. Do jeito que eu sou lenta pras coisas, não duvido que eu tenha até agradecido a “dica de amigo”. Desligando o celular, a minha cunhada me disse: “você estava falando com o H?”. “Tava! Como você sabe?” “Mirys, ele está dando em cima de você?” “De mim????? Imagina!!!!!” Mas, daí, o bichinho da curiosidade me picou: “por que, Cunhada??? POR QUE você acha que o H está querendo algo comigo?...” “É que ele ficou falando um monte de você, numa roda de amigos, no último final de semana. Que você isso, que você aquilo. E... ele deixou uma resposta meio suspeita pro seu post sobre viajar e voar, no face. Você não viu?”

Cenas do próximo capítulo aqui.

PS: leia o post que eu escrevi quando estava indo pra Alemanha. Abaixo, a resposta do H, no facebook (não se esqueça que ele é piloto de aviões, tá?):

"Hehehe, sabe li seu artigo, mas para mim as vezes voar de avião nao fico no chão do destino nem 5 minutos!!! rsss. Mas voar, tem realmente vários significados!! e SE encontrar, com certeza é um deles!! nada melhor que um voo noturno com aquele nascer de uma lua cheia maravilhosa, para encontrar, dentro de nós mesmos, o que se perde da gente neste dia a dia de sóis cansativos!!! Um grande beijo para VC, minha querida amiga! e que vc tenha se achado nesta aventura impar!!!"

11 comentários:

Mila Machado disse...

Conta maaaaais!
Tudo muito interessante...
Se fosse um livro, não fecharia ele nessa parte, de maneira alguma!
Não demore para continuar, estarei esperando...O final feliz!
Bjos minha amiga linda!

Amelinha disse...

Estou amando ler a saga hora H! Escreve mais, todos os dias!
beijos!

Thais Markevich disse...

Estou com a Mila, é o tipo de livro que a gente não dorme até a última página!!!Bjs!!!

Priscila disse...

Ahhhh...já acabou? isso não se faz Miriane! rsrsrsr
Ansiosa pelo próximo capítulo.
Bjos, Priscila

lili disse...

chega de enrolar pelamor!

Fernanda Dionisia disse...

♥ ♥ ♥

Nana disse...

Aaaaaaaaaaaaaaaaah....q bom saber dos detalhes do meio da historia! Conta mais, conta mais!!! Bj e fk c Deus.

Morena disse...

Estou super viajando nos posts!!! Que lindo!!! Louca pra saber mais!!!

Beijos saltitantes
Boa semana

Anônimo disse...

Mirys, amiga querida. Seu modo de descrever as situações são interessantíssimos. Não dá para não acompanhar o misterioso enredo do H (rs..rs). Mirys, você é demais!
Ando completamente sem tempo para os blogs e hoje resolvi visitar você. Fazia tempo que não passava por aqui. E olha que já fui TOP nesse blog, não é? Infelizmente tenho que dar minhas prioridades, todavia não esqueço os amigos do coração.
Beijos e bençãos para vocês
Manoel

Claudia disse...

Tá bom demais ler sua história. Beijos.

Anônimo disse...

Gosto de sentar com tempo e ler você.

Quando publicar sua história num livro comprarei sem nenhuma dúvida.

Aguardo a continuação.

bjo e boa semana.

Ana Virgínia
filhadejose.blogspot.com
fotosdequinta.blogspot.com