terça-feira, 18 de setembro de 2012

Hora H 5 - Finja que está feliz que, uma hora, você fica! (Diário da Mirys)

Quando minha amiga M me ligou, convidando pra sair com ela, eu já estava praticando a auto sabotagem: "não, obrigada", "não, eu sou mãe", "não, eu tenho responsabilidades amanhã, de manhã", "não, eu estou cansada", "não, eu não tenho mais idade para ir em barzinhos, à noite, ficar de bobeira, vendo a vida passar e ouvindo boa música". Eu queria sair. Eu sabia que eu PRECISAVA sair de casa. Mas, quando aparecia um convite, eu me sabotava e arrumava alguma desculpa pra não ir...

A minha sorte é que a M é minha amiga da época de faculdade e, láááá naqueles dias, nós tínhamos uma frase que usávamos quando uma ou outra estava "borocochô": "não tá feliz? Então, FINGE QUE VOCÊ ESTÁ! Mas finge com vontade, finge pra valer, finge pra todo mundo acreditar que você está feliz. Porque, uma hora, você fica!" Anos e anos se passaram e a frase se resumiu a uma olhar pra cara da outra, perceber que a outra não estava bem, e dizer: "Finge, amiga! Que, uma hora, você fica!".

Naquela noite, eu voltava de uma festa de um tio bem velhinho, cheia de crianças, cheia de parentes do Fer. Eu não estava no menor clima de "baladas". Eu tinha atravesado duas vezes (ida e volta) a estrada onde o acidente tinha acontecido (e só aquilo já me deixava beeeeeeeem baixo astral). Mas, a M usou aquela frase comigo, no telefone. E me convenceu a chegar em casa, colocar uma roupa linda e sair para ver a vida passar, de escrever um roteiro pra mim ao invés de ficar só admirando os que passavam na TV.

Só que... lembram que eu sou uma fraude? Pois é... Cheguei nos meus pais, coloquei as crianças já dormindo nas camas, não coloquei vestido, não fiz maquiagem, não passei perfume, não me arrumei. Só tomei um banho rápido, voltei pra dentro da calça jeans que eu estava antes, coloquei uma blusa preta mas rendada, chacoalhei os cabelos e fui para o tal barzinho.

Chegando lá, a Má, nossa outra amiga que estava sendo esperada, já tinha avisado que não ia. Então, seríamos só nós três, mesmo: eu, a M e o H. Mais o lugar super agradável (que existe há anooooos em Jaú e eu nunca tinha ido). Mais a música deliciosa. Mais as bebidas e as comidas. E muita conversa pra colocar em dia. Eu não sentava pra conversar com ela, desde antes do acidente, ou seja, há pelo menos um ano e 7 meses.

Conversamos, os três, a noite toda! Sobre a vida, sobre encontros e desencontros amorosos, sobre as voltas que o mundo dá, sobre viagens, sobre profissões, sobre planos novos para rumos incertos, sobre QUASE tudo. Porque eu já não estava mais na fase de falar da viuvez! Aquilo que era muito vivo e presente, ainda, pra mim, já não era para os outros. Eu percebia que os dias tinham se passado, os meses tinham se transformado em anos, a vida de todo mundo seguia em frente e eu não queria atrapalhar, voltando na mesma tecla do poço sem fundo em que você cai quando perde alguém tão cotidiano de uma forma tão abrupta. Pra que?

Eu não queria mais ficar usando a tal plaquinha de "sou viúva", pendurada no pescoço. Não queria mais ser apontada na rua! Por pouco eu não tinha virado "ponto de referência", daquele pior jeito que muitos gordinhos reclamam de ser (do tipo: "tá vendo aquele gordinho de blusa cinza? Então, vá até o gordinho e vire à esquerda!"). Ser viúva fazia parte da minha história, mas eu não queria que aquilo me definisse, mais! Então, eu fingia estar feliz, eu fingia que não doía mais, eu fingia que podia falar, normalmente, sobre outros homens, como se solteira eu fosse.

De repente, o H pediu licença e saiu. Deve ter ido ao banheiro, sei lá. Mas aquele foi o momento perfeito para duas meninas fo-fo-ca-rem!

M: "Mi, me diz... e de amores?"
Eu: "Vixi, M... tá zero!"
M: "Sério? E o ex (número 4), não te procurou mais?"
Eu: "O ex???? Nunca mais eu vi..."
M: "Confessa, vai... você tá saindo com ele!"
Eu: "Não! Não estou!"
M: "Mas estava..."
Eu: "Não, M! Não estava! Nunca saí com ele, nem com ninguém, depois do acidente!"
M: "Amiga... você pode contar pra mim..."
Eu: "M, é sério! Não sai com A-B-S-O-L-U-T-A-M-E-N-T-E ninguém, até hoje! Não beijei, não abracei, não flertei, nada!"

E, como aquele papo já estava começando a me deixar mal (afinal, QUEM gosta de ouvir, da própria boca, que não foi alvo de nenhum homem, nos últimos 18 ou 19 meses???? Quem, em sã consciência???). Então, eu comecei a tirar sarro de mim mesma, de novo:

M: "IMPOSSÍVEL!!! Como assim, você não ficou com ninguém???"
Eu: "Sabe o que é M? É que eu devo usar algum tipo de repelente, que mantém todos os homens quilômetros e quilômetros de distância de mim!"

E nós duas demos muitas risadas, como era pra ser, mesmo. Afinal, aquela frase estava virando um lema pra mim. Toda vez que eu queria fazer alguém rir e mudar de assunto, usava a estória do repelente. Mas, eu só usava a frase com mulheres ou com homens do tipo "irmãos", que não tinham a menor probabilidade de nunca, nunquinha da Silva, se interessarem por mim!!! Porque eu estava sozinha. Fato. Mas não era nem louca de fazer propaganda negativa pra mim mesma!!!

Mas, a M era mulher, amiga e era divertido falar aquilo pra ela!

Eu: "Sabe o que é M? É que eu devo usar algum tipo de repelente, que mantém todos os homens quilômetros e quilômetros de distância de mim!"
H: "Ah é?"

Quando eu olhei, o H já estava atrás de mim. E até hoje eu não sei qual pedaço da conversa ele ouviu...

H: "E então, pessoal... vamos sair pra dançar?"

Cenas do próximo capítulo aqui.

12 comentários:

Fernanda Dionisia disse...

Mirys como vc falou que não havia beijado ninguém se aqui
http://diariodos3mosqueteiros.blogspot.fr/2012/08/interludio-19-pausa-diario-da-mirys.html e aqui
http://diariodos3mosqueteiros.blogspot.fr/2012/08/interludio-18-indecisao-diario-da-mirys.html
vc fala que beijou fiqeui meio confusa.,ou como vc diz estava se sabotando pra sua amiga M?!?!

Mirys Segalla disse...

Fer:

ADOREI essa minha leitora voraz e atenta!!!! Delícia!!!!

Não fique confusa, baby! Lembra que eu falei que a saga "Hora H" podia se chamar "Enquanto Isso"??? Tá lá no "Hora H 2". Ela podia se chamar "Enquanto isso" porque a história do H foi acontecendo PARALELAMENTE à minha história "interlúdio".

E, sim, você está certíssima: eu beijei uma pessoa na saga "interlúdio", mas isso só aconteceu em outubro de 2012. E aqui, na saga "Hora H", nós ainda estamos em julho... Não vou falar mais pra não estragar a história... rsrsrs

Bjos e bençãos.
OBRIGADA POR LER!
Mirys

Ilmara disse...

Ahhhh se curiosidade matasse...

Bjo!!!

Nana disse...

Aaaaaaaaaaaaaaaaaah ta ...tendi.... tb tinha percebido esta pequena "falha" na história, mas acho q estamos acostumados demais com narrativas retas e cronológicas....e a vida nem sempre é assim né?! É cheia de reviravoltas e vai-e-vens....bj e fk c Deus.

Mirys Segalla disse...

Outubro de 2011!
Sorry....
É a empolgação de ir contando a história e voltando no tempo....

Mirys

Unknown disse...

rssssssssssssssss! confuso? acho que vai ficar um pouquinho mais!!!
E ai? vamos dançar?

Daniela disse...

Olá, querida! Passei aqui pra te avisar q está rolando sorteio lá no blog! Bjos!!

Jo Turquezza disse...

E aí? Vai sair para dançar? Quero saber essa história direitinho rsrsrs
Beijos.

Morena disse...

E aí como foi a dançaaaaaaaaa????

Beijos saltitantes

Geisielen disse...

Agora eu q fiquei perdida... Vc diz que o beijo lá do 'Interludio' foj em outubro de 2012 (acho q vc quis dizer 2011, visto q estamos em setembro ainda) e que a 'Hora H' acontece em Julho (2012 ne?)... Então como aconteceu paralelamente? Me perdi por ai! Bj e to amandooo! N demora pra postar!

Fernanda Dionisia disse...

Amei a resposta e esse Humberto é Mt suspeito kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
felicidades!!!!!!!!!!

Unknown disse...

Kkkkkkkk Suspeito Fernanda? do que?