quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Era uma vez 37 - No aeroporto (Diário da Mirys)
No dia combinado, na hora combinada, eu fui pro aeroporto, esperar o Fer chegar. Aquele segundo semestre sem ele, na França, tinha sido terrível e eu não via a hora dele acabar! E a gente passearia, de novo, por Paris... e comeria crepes no meio da rua... e tomaria cafés e taças de vinho, conversando... e jogaria tênis em quadras públicas... e visitaria a minha preferida (a Notre Dame)... e ouviria música... e discutiria música... Fato era: eu queria ele por ali. Nem que fosse só pra brigar porque eu estava muito preocupada com a história da tal aluna linda que tinha, praticamente, pedido o meu namorado em namoro!
Além disso, a gente tinha que decidir nosso futuro! Porque eu tinha sido convidada para continuar os meus estudos ali, pra fazer um doutorado, pra ir além do que eu tinha me proposto a ir. E a minha família já tinha me falado que me queria, por mais um ano. Eu tinha lugar pra ficar, coisas pra fazer, carreira pra construir, trabalho para me garantir. E eu já tinha, até, arrumado um lugar pra ele. Faltava o trabalho, mas a gente daria um jeito. A gente sempre dava! Ou nós poderíamos ir pra Inglaterra e eu faria meu doutorado lá. Afinal, o inglês o Fer dominava!!! E a gente poderia arrumar um curso pra ele, também! Voltaríamos ambos pro Brasil com cursos, na Europa, no curriculum: seria o máximo!!!
Entre sonhos e projetos e planos, eu cheguei no aeroporto e fui pro local de desembarque. Vocês já sabem: tem aquela porta de vidro fosco (que você não vê quem está lá dentro, até que a pessoa esteja na cara da porta; tem aquela barra de metal, que cria um corredor razoavelmente largo, onde as pessoas que desembarcam passam, com seus carrinhos de bagagens; depois disso, tem espaço. Muito espaço. Espaço pra reencontros, abraços, beijos ou pra quem quer passar com malas e malas, correndo, pra pegar um taxi, atrasado pra algum trabalho, em algum lugar. Eu já contei como era aquele local, da primeira vez que o Fer foi pra França, naquela surpresa combinada com o meu pai...
Como eu cheguei cedo, fiquei na fila do gargarejo, bem na frente, grudada na barra de metal, pertinho da porta de vidro fosco, só esperando que ela abrisse e eu visse um rostinho conhecido lá dentro....
Abre a porta... não... fecha a porta.
Abre a porta... não, ninguém... fecha a porta.
Abre a porta... não, de novo... fecha a porta.
Até que a porta abriu. E o Fer estava do outro lado. Lindo, lindo, lindo (ou eu estava morrendo de saudades do rosto dele)... Ele saiu, empurrando o carrinho de bagagens e parou no meio do caminho, na minha altura, na barra de metal. Eu não tive dúvidas: passei por debaixo da tal barra e fui até ele. Foi o abraço mais loooongoooo da minha vida...
E o mais silencioso, também. Eu não falava nada... porque não conseguia... tinha muita coisa... tinha a saudade, tinha o gostar, tinha o ciúme, tinha a falta, tinha o comentário tão “nosso” sobre o jogo de futebol... e eu fiquei lá, procurando as palavras certas. E não falei nenhuma. E ele também não.
Quando a gente se desfez do abraço, se afastou só um pouquinho, eu consegui ver uma fila de pessoas atrás dele (da gente!), com a cara emburrada, querendo ir embora, mas a gente tinha parado com o nosso carrinho bem no meio do caminho! Ninguém passava por lado nenhum!!! E todo mundo devia ter alguém especial esperando para dar um abraço longo e silencioso, né?
“- Fer...” e quando eu ia completar a frase, ele colocou o dedo na frente da minha boca, num sinal de silêncio e sorriu. Se ajoelhou, tirou uma caixinha do bolso e eu pude sentir todas as caras emburradas atrás de nós se transformando em sorrisos! Porque o amor é assim: contagioso! Então, ele abriu a caixinha, pegou minha mão e me pediu em casamento ali, no meio do desembarque do aeroporto Charles de Gaule, em Paris. Num dia em que eu não estava arrumada pra isso, quando ele acabava de chegar de 12 horas de viagem, sem vinho, sem velas, sem flores – só eu e ele. E o mundo parado, ao redor, pra assistir a gente. Porque um casamento, pra durar, precisa só disso mesmo: duas pessoas que estejam a fim de ficarem juntas. Em qualquer lugar, em qualquer hora, em qualquer situação, de qualquer jeito.
“- Mirinha, você quer casar comigo?”
“- Quero...”
E então, ele me ergueu e me deu um beijo bom, daqueles pra lembrar pra sempre. Quando eu voltei pro chão, só ouvia os aplausos daquelas pessoas que assistiam à cena. Ninguém ali entendia português. Ninguém entendia as palavras que a gente tinha falado. Mas não dizem que o amor é a linguagem universal?...
Cenas do próximo capítulo aqui (sim!!! Porque ainda tem mais!!!)
Marcadores:
2012,
casamento,
era uma vez,
Mirys,
Paris
Assinar:
Postar comentários (Atom)
22 comentários:
Ai que lindo!!!
o amor realmente contagia...tô aqui querendo saber mais...conta mais...conta mais...
Bj
nOSSA mIRYS, PARECE ATÉ CENA DE FILME, TÃO LINDO...
Que pedido mais lindoooooo...
Não tem como a raiva dos outros não passar rs...
Bjs
Amei!!!!!
Bjos
Ana
ai... eu chorei, no meio do trabalho, eu chorei.
lindos!
bjo
Li
Na frase "Se ajoelhou, tirou uma caixinha do bolso e eu pude sentir todas as caras emburradas atrás de nós se transformando em sorrisos!" eu cheguei a prender a respiração. E até chegar ao fim do texto, meus olhos só acumularam lágrimas!!!
Me emocionei again Mirys!!!!
me arrepio em todo capítulo.
Beijos!
Sem comentários...
Só posso dizer o quanto ADOREI ler tudo isso!
Beijos iluminados
Nosssa... eu conhecia essa história pela sua sister, mas confesso que sua descrição foi bem mais emocionante.É,o amor é a linguagem universal! Bj e fk c Deus.
Nosssa... eu conhecia essa história pela sua sister, mas confesso que sua descrição foi bem mais emocionante.É,o amor é a linguagem universal! Bj e fk c Deus.
Mirys toda vez que vc escreve sobre o seu amor com o Fer eu choro, eu fico pensando que é muito difícil amores assim hoje em dia e que todo mundo deveria viver um , a vida tem mais sabor com amor, a gente passa a ver o lado bom da coisas quando ama!
Amo ler seus textos, um grande beijo
para variar deixa eu me recompor e limpar as lagrimas...nao estou vendo as teclas e nem a tela na minha frente...tudo embasado.....
Lindo demais!!! Chorei tb...
:)
Uaaaauuuu!!!!!!!!!!!!! Seu blog é melhor que livro!!! Amo!!!
Morri! De novo né?!
Porque a cada capítulo do Era uma vez eu fico assim!!!!
Incrível!!! Intenso!!!
Por favor escreva um livro!!! Eu quero ir na noite de lançamento para pegar autógrafo!
Beijos,
Paula
www.comoagenteviramae.blogspot.com
Moça, moça... você também é uma escritora de mão cheia que nem a outra... esse seu diário no que toca aos capítulos "era uma vez..." merece um livro... Pensa nisso! Amei! E já torcendo pela felicidade que se avizinha. Fico aqui também querendo imaginar Nosso Senhor tecendo esses caminhos semelhantes que se cruzam e são publicizados, graças a internet. Com vocês também mais outra história de sexteto... Que bom!!!
(rogo a Deus que seja sem inveja e sem ciumes!)
Li na primeira vez rapidinho já nem sei o porquê, agora voltei lendo devagar.
Vou ali suspirar pela 71627312351 vez a já volto, rsrsrs.
Ainn Deus!!! Muito lindo!!!
E eu aqui querendo viver também uma linda história como essa!!!
Que lindoooo...emocionante!!! Bjo querida!!!
Olá,
hoje através de uma postagem no facebook da Fernanda Reali cheguei até seu blog.
No início fiquei confusa e não consegui seguir as postagens em ordem cronológica e/ou por assuntos e fiquei sabendo a história toda meio que de trás pra frente.
Precisei escrever agora (são exatamente 01:51, já do dia 03/08) porque tudo o que li me tocou muito.
Sei que você já recebeu vários comentários parecidos com este, de pessoas se confessando emocionadas com sua história e eu sou mais uma delas.
Li os 37 "Era uma vez..." e não sei se não soube procurar direito, mas acho que parou nesse, ultima postagem em março e vou fazer questão de acompanhar toda a história, ler os outros assuntos, os diários dos seus filhos, etc.
Mas o que eu "precisei" mesmo te dizer, é que pelo breve contato, é fato notar sua força e coragem ao tocar a vida após um acontecimento tão marcante e sofrido.
Mas digo que emocionar com histórias tristes e trágicas não requer esforço algum, é automático! Porém, emocionar seus leitores com fatos que atingem lá no fundo na nossa alma através das demonstrações de carinho, afeto, respeito e amor é muito difícil. E eu senti isso por várias vezes hoje.
Permita-me dizer que está sendo um grande prazer "conhecê-la".
Fique com Deus!
q lindooooooooooooo!!!
Beijossssssss
┌──»ʍi૮ђα ツ
Postar um comentário