Então que eu estava na França e o Fer tinha ficado no Brasil. A decisão tinha sido nossa. As promessas de manter tudo o que a gente tinha, mesmo à distância, eram muitas. Mas o dia a dia era difícil...
No Brasil, mesmo os amigos mais próximos falavam pra ele: “acorda! Vira a página. Sai com outra! Você ACHA que ela vai te esperar, lá na França?”. Ou outras coisas suuuuper incentivadoras do tipo “Ela vai ter vários namorados lá e você nunca vai ficar sabendo...” O pior é que esses amigos gostavam de mim (antes) e ainda gostam. Isso é uma coisa de menino, mesmo. Auto-defesa, preservação da espécie, atacar antes de ser atacado, sei lá! Chame do que quiser. Mas é uma coisa típica de meninos isso... Eu, pelo menos, não conheci NENHUM menino, na época, que tivesse pensado romanticamente como uma menina e dito: “cara, fica tranquilo, ela te ama, vocês combinaram de se esperar e vai dar tudo certo”. Nenhum. Enfim...
Apesar da gente não estar mais fisicamente juntos, o Fer continuava indo pra Jaú, visitar minha família, curtir meus irmãos gêmeos (recém-adotados), conversar com os “meus”. Ele passava a semana em Sampa, trabalhando com processos (poucos) e dando aula de inglês (muitas), e visitando nossas famílias, nos finais de semana.
Numa dessas, o “menino mais velho” mais incrível da minha vida virou e disse:
Meu pai: “Fer, eu tenho um problema...”
Fer: “Fala, seu Getulio” (tô inventando a conversa, obviamente, porque eu não estava lá – só fiquei sabendo dela, depois, pelo Fer)
Meu pai: “Eu vou mandar a Mari (minha irmã logo depois de mim) pra França, pra ficar com a Mirys, no natal.”
Fer: “Que legal! A Mirys vai adorar!!!”
E eu adorei, mesmo!!! Eu estava amando, amando, amando morar naquela cidade das luzes cor-de-rosa! Cheguei olhando pra tudo e achando “muito igual São Paulo ou qualquer outra cidade grande no mundo”. Pensava que não entendia o motivo de taaaanto drama sobre Paris. Não era, assim, tudo isso... Mas era!!! Pouco tempo me mostrou que aquela cidade tinha muitas coisas normais de cidade grande, mas... era LINDÍSSIMA, era romântica, era culta, era de uma gastronomia deliciosa, era perfeita. Era Paris, afinal de contas!!! A cidade mais visitada e mais linda do mundo todo!!!!
Porém, eu me sentia a pessoa mais egoísta do mundo porque “só eu” podia ver tudo aquilo, sentir aqueles cheiros, parar numa boulangerie e comer um pão de chocolate no final da tarde, ouvir aquela língua que parece música, gastar o fim de tarde lendo um livro bom numa praça qualquer, tomar vinho no almoço e no jantar, viver aquela experiência riquíssima! Da minha família, só eu tinha essa oportunidade. E não era justo!!! Eu tinha pai, tinha mãe (que nunca tinha ido pra Europa), tinha 9 irmãos, tinha muitos tios e tias, primos e primas, amigos amadíssimos como irmãos e só eu tinha a chance de ver e viver tudo aquilo. Eu me sentia injusta...
Quando meu pai me ligou e me disse que me mandaria minha irmã, no natal, eu vibrei no telefone!!! Finalmente! Finalmente eu iria poder dividir aquilo tudo com alguém!!! Finalmente!!!!!!!
Meu pai: “Filha, escolhe um presente, que eu vou te mandar pela Mari...”
Eu: “Paizinho, não precisa de nada, não! Imagina! O senhor já vai mandar a minha irmã pra cá! Tá perfeito!!! Pra mim, é mais do que suficiente!!!”
E o grande dia de buscar a Mari no aeroporto chegou. Quanta saudade!!! Quase 5 meses sem nos vermos. É muita coisa pra quem tinha vivido 22 anos juntas!!! Fui pro aeroporto preparada para carregar peso: tudo o que eu tenho de econômica em malas, a Mari tem de exagerada prevenida.
Lá fiquei eu... encostadinha naquela trave de ferro que separa as pessoas que esperam daquelas que são esperadas. E uma porta de vidro fosco se abre, e alguém amado por outro alguém sai de lá de dentro. Desembarca do avião e embarca nos braços de quem o espera. Lá estava eu. Esperando a Mari e suas mil malas. Num mega frio de dezembro em Paris. Quando....
(Tá bom. Vou continuar. Colher de chá! Mas é só desta vez, tá?)
Quando a tal porta fosca se abre e a Mari sai de lá de dentro. Com um carrinho com uma mísera mala. Mas, vestindo o casaco do Fernando. SACANAGEM!!!! Primeiro eu abracei e beijei muito a minha irmã. Depois, tive que fazer o comentário: “você PRECISAVA ter vindo justamente com essa blusa???? Não tinham agasalhos de menina, novo, rosa, lá no Brasil, não?????”
Mas, a porta fosca abriu de novo. E por trás de trezentas malas da minha irmã (agora sim!), o Fer empurrava um carrinho. Eu chorei. Eu sorri. Eu beijei. Eu chorei de novo. Eles tinham vindo, os 2, para passar quinze dias comigo.... Ah! 15 dias!!!
PS: o resto da conversa do meu pai com o Fer foi assim (segundo ele me contou)
Meu pai: “Então, FEr... vou mandar a Mari pra lá, mas ela não fala francês. Nem inglês...”
Fer: “Tudo bem, seu Getulio. Eu ensino inglês pra ela, as coisas básicas, rapidinho.”
Meu pai: “Mas... eu tinha uma outra ideia...” e estendeu uma passagem pro Fer.
Fer: “Mas, seu Getulio, eu NÃO POSSO ACEITAR esse presente. É muito caro, é descabido, o senhor tem outros filhos, é demais pra mim, é...”
Meu pai: “Fer, você não está entendendo. Esse presente não é seu. É da Mirys. Você é o presente. E eu preciso que você entre naquele avião...”
Depois de uns dias de confusão e indecisão por parte do Fer, com uma ajudinha básica da minha sogra para que ele aceitasse ser o meu presente, ele pegou a passagem, entrou no avião e não me avisou nada.
Cenas do próximo capítulo aqui
25 comentários:
Myris do céu!
Eu cairia dura...que emoção!
Sinceramente, sua vida dá um livro emocionante!
beijos :)
Nooooossssaaaa me arrepiei aqui, mas foi uma colherinha de chá, cadeê o resto??????
Bjos
Ana
Mirys, analisando bem, a história é muito bonita, mas encarando de frente a situação, você e o Fer é que faziam a história linda.
Beijos e bençãos.
Manoel.
Que Pai ! Sem palavras...
Que Pai!!! Sem palavras...
...agora vi seu comentário la no blog, que ta super abandonado, acho que venho mais aqui t visitar que passo lá ultimamente, muito obrigada pelo carinho!!! Bjs Mirys... e beijinhos o Guigo e na Nina!!! Ótimo feriado!!! ;)
Mirococa, Mirys, Miloca... moça, to me acabando de chorar... ai que emoção, que lindo. Menina pega essa tua história linda e transforma ela em livro! Tem cada episódio mil vezes melhor do que as novelas que passam na glolobo. E é uma história real cheia de amor, lágrimas e, infelizmente, sangue...
Obrigada pela visita lá no meu cantinho, volte sempre porque sempre será bem vinda!!!! Como você tem filhos por favor leia:http://olhopreguicoso.blogspot.com/2011/07/bem-vindo-aos-mundos-dos-pequenos.html
Cris
Dediquei um selinho de seja bem vinda, pega lá!! Cris
QUE LINDO E EMOCIONANTE! Nossa, vou dormir suspirando agora. Que pai hein, melhor que papai Noel.
Ai que lindo Mirys, que presentão hein? Que família maravilhosa você tem , não é a toa que você é tão especial, obrigado pela visita no meu blog, e um grande beijo
Mirys, Guigo e Nina, tudo bem com vcs? Acabei de ler o blog e estou muito emocionada...dá pra se notar, Mirys, que toda essa sua sensibilidade, amor ao próximo, querer bem a todos, enfim tudo isso de bom em vcs, vem de "berço". Eu ñ conheço seu pai pessoalmente, sei q ele é um excelente profissional e agora vejo que "paizão" que ele é e, com certeza deve ter muito orgulho de você. Olha, suas histórias são lindas, mas a de hoje...estou até com um aperto no coraçào de tanto q chorei. Beijos e fiquem com Deus
Myrisssssss
Menina fiquei sem fôlego, sem unhas e respirei aliviada no final..
Que legallll parece cena de filme..
Mas não deixa de ser né??? um filma da vida real...
Lindo, lindo
Bjs e bom carnaval
Debby :)
Demais Myris!
História linda... Obrigada por partilhar conosco!
Parabéns pela escrita perfeita e narrativa deliciosa... Me levou pra Paris, novamente!
E Paris é a sua cara!....linda, culta, romântica, iluminada!
Bjos e fiquem com Deus
Pat
Oi Mirys, conheci o blog a pouco tempo e como a maioria ja li quase tudo, a sua historia a sua familia, é muito lindo e emocionante, hoje cheguei as lagrimas com este texto... a minha irma ficou viuva muito nova tambem e os meus dois sobrinhos tambem eram pequenos, talvez por isto me identifiquei tanto com a sua historia. Deus os abençoe
bjs no Guigo e na Nina e um enorme em voce.
Olha eu aqui me debulhando em lagrimas.....
Ah, Mirys... arrepiei aqui!! DEMAIS!! :)
huahauahuahauahua...
Imagino o quanto vc deve ter ficado feliz...
Um belo presente...
Bjs
Que história linda, caramba! Lindo demais!
Vanessa - RS
Saudade, saudade, saudade de uma grande fujona e seus "fujoeszinhos"!Mais nada a declarar.
Como eu espero anciosamente a continuação...
Vc não tem idéia!
Que deus te abençõe e por favor...
posta rapidinho vai!
Beijos iluminados!!!
Nossa Mirinha, Chorei com essa. Pai é pai mesmo, não é?
ele aceitou e eu chorei!!! q lindooooooo!!!!
seu pai é um fofo...q coisa mais linda!!!
vcs viveram intesamente, isso q importa!
Beijosssssssssssssssss
┌──»ʍi૮ђα ツ
Tô chorando!!!!!
Com um pai desses tem como a pessoa não ser intensa? Mirys, que coisa mais maravilhosa, de cinema!!!
Devem ter sido os melhores 15 dias em Paris!!!!!!!!!!!!
Preciso te fazer umas perguntas sobre a cidade luz!
Beijos,
Paula
www.comoagenteviramae.blogspot.com
Impossível não chorar!
Seu pai não existe, existe?
Sua história é linda e me comove mais a cada pedacinho dela que leio.
Beijos.
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