quinta-feira, 14 de julho de 2011

"Você não está exagerando?..." (Diário da Mirys)

Ouvi isso, ontem, e estou pensando nessa frase até agora. Vou situar você no contexto da coisa toda e você me dá sua opinião sincera? Promete???

Vamos lá. Meu pai sofreu um acidente de carro, na mesma estrada em que o pai das crianças sofreu um acidente (e faleceu...), no ano passado. Também era noite. A culpa também não foi dele (motoristas imprudentes SEMPRE existem nas estradas, pessoal! Sempre! Fiquem atentos!). As coincidências param por aí (graças a Deus).

O carro do meu pai ficou destruído (pelo que me disseram - eu não vi). O carro do Fer ficou intacto. Meu pai está vivo e milagrosamente bem (considerando o tamanho do acidente). O Fer não.

Então que, na noite de segunda, eu recebo uma informação por celular (eu moro em outra cidade) juntando, na mesma frase, as palavras "acidente + estrada Jaú / Bauru + pai". Tanto faz o meu ou o das crianças, tanto faz o resto da frase ("ele está bem"), tanto faz que O MUNDO estava com meu pai no hospital e ele já tinha sido analisado do dedão do pé ao último fio de cabelo. Meu chão sumiu... o ar faltou... a janta ficou a meio caminho da boca... e aquela sensação horrível de impotência, de falta de controle sobre a vida, voltou. Com toda a intensidade que poderia voltar!

Me descobri muito prática, muito razoável, muito sensata (pra mim, tá?). Quando percebi que não era trote, que aquilo tudo estava, sim, acontecendo (de novo), eu dei um longo respiro e tentei ser organizada. Liguei para quem podia me passar as melhores informações sobre meu pai (os médicos - amigos, filha, filho), confirmei onde estavam as crianças (com uma amiga/irmã) e se já sabiam (não), coloquei os celulares para carregar, avisei meus chefes do trabalho, vi a necessidade de ir para Jaú.

Como não havia NECESSIDADE alguma (fora o meu coração de filha), não fui. Além do que, meu pai acabou me ligando e me pedindo para não pegar a estrada à noite. Mas eu já estava decidida que não pegaria. INFELIZMENTE, por mais frio e insensível que possa parecer, os meus dois pequenos, agora, só têm a mim. Então, não posso me dar ao luxo de correr riscos desnecessários, do tipo pegar o carro correndinho e ir para uma cidade há 80 km de distância, só pra ver, com meus próprios olhos, que meu pai estava bem machucado, mas não corria risco algum.

Não fui pra Jaú, na terça, também, porque a alta médica prometida não aconteceu e meu pai dormiu mais uma noite sob observação (e mais uma vez me pediu para não pegar a estrada). Conversando com a minha cunhada, achei melhor que as crianças não fossem levadas para ver o avô, na terça(no hospital), porque eu achava que seria melhor que eu estivesse por perto quando eles soubessem da história.

Isso porque, quando aconteceu o acidente do Fer, o Guigo chegou a questionar com algumas pessoas se "era verdade" que o pai dele tinha sofrido um acidente porque "ele tinha visto o carro e o carro não tinha nem um amassadinho". Daí, eu fiquei imaginando como seria para ele ouvir que o vovô tinha sofrido um acidente, mas que estava bem, apesar do carro todo amassado (PS: o Guigo A-M-A carros e provavelmente iria perguntar dele). Como seria???

Não sou profissional da área e o Guigo está fazendo acompanhamento com uma psicóloga EXCELENTE, aqui da nossa cidade. Eu não tive dúvidas e liguei pra ela. Contei o ocorrido e perguntei como deveria proceder. Ela me instruiu a eu mesma contar a notícia (como eu tinha imaginado), na casa do avô, com o avô lá, na frente das crianças. Para não dar tempo deles criarem nenhuma fantasia na cabecinha deles, nem nada. Para mostrar que, sim, todos estamos sujeitos a acidentes (sem falar isso, né?) e temos que ser cuidadosos, mas que as histórias podem ser diferentes.

Eu fiz exatamente isso. Cheguei em Jaú, fui ver meu pai (vai que EU tivesse uma crise?!), senti um embrulho no estômago quando vi a garagem vazia, mas não tive nada demais quando o vi na cama dele, com machucados nas pernas, pés e mãos. Aparentemente, por fora, ele não tinha se machucado muito mesmo (Deus abençoe os inventores do cinto de segurança e do airbag). Só depois busquei as crianças na minha cunhada e os levei para a casa do avô.

Chegando lá, eles correram pro quarto para dar beijos, como sempre fazem. O Guigo nem percebeu os machucados e foi se jogando na barriga do meu pai (dolorida, coitado!). Quando a Helena chegou abraçando as pernas, meu pai pediu que ela tivesse cuidado com os "dodóis" dele. E ela mandou: "-O que você fez?". Ele brincou, disse que tinha caído correndo (como uma criança faria) e eles morreram de rir. E ela perguntou, de novo: "- Não, sério. O que você fez?". Ele, que já tinha amenizado a situação, contou que tinha tido um acidente na estrada, tinha batido com um caminhão, mas que, agora, já estava tudo bem. E as crianças só ficaram falando que sairiam para um aniversário comigo, se ele não queria ir junto, se podiam tomar banho na banheira dele, etc... Enfim: o vovô sofreu um acidente, mas está bem, como a gente viu com os nossos próprios olhos. Então, vamos falar de coisas legais!

Eu fui jantar com os pequenos, feliz e aliviada por causa da reação ótima deles. Eles não tinham tido nenhum sentimento ruim, nenhum medo, nenhuma inquietação (como eu tive, sabendo do acidente e não vendo o meu pai). A simplicidade de vida deles me deu inveja...

No meio do jantar, toda a família (menos meu pai e minha mãe) reunida, e eu respondendo às perguntas: "como você está?", "como ficou sabendo?", "como fez com as crianças?". E, pra última pergunta, eu contei do aconselhamento com a psicóloga, do fazer questão de estar lá no momento em que eles soubessem da notícia, da reação ótima deles. E, de uma pessoa que eu considero MUITO e sempre me dá palavras muito sensatas, eu ouvi: "você não acha que exagerou, não?"

E aí... exagerei?

PS: um dos grandes problemas de ser viúva precoce é o de (graças a Deus) não ter parâmetros ou alguém a quem imitar. Não conheço, pessoalmente, ninguém na minha situação. Então, às vezes, não sei exatamente como deveria agir, o que dá certo, o que não dá... Mas, continuo tentando! Com um sorriso no rosto (porque esse SEMPRE dá certo).

24 comentários:

Sandra Kautto disse...

Não acho mesmo que você exagerou. Penso que só quem sabe o que você e as crianças passaram são vocês mesmo. Ninguém pode avaliar o tamanho ou dimensão que o acidente do passado tem na vida de vocês...acho que vc fez tudo muito certo! É melhor errar por zelo do que por descuido.

Melhoras para o papai!
Bjus

MariseMaia disse...

Sinceramente?
Não acho que vc exagerou, eu no seu lugar teria ido no mesmo dia, sou meio impulsiva, fico feliz que seu pai esteja bem!!!
Melhoras pra ele!!

Martha disse...

Na minha humilde opinião... vc não exagerou não..
Só vc sabe o q passou dentro do seu coração... e se resguardar de maiores consequencias par as crianças foi sua atitude automática!
Fico feliz que seu pai esteja bem e que tudo não tenha passdo de um grande susto!
Bjnhos em vcs!

Monica Meucci disse...

Oi, leio o blog a alguns dias, mas nunca comentei. Hoje não podia deixar, pois penso q vc não exagerou.
É muito melhor prevenir do que remediar!
Bjos
Q Deus os abençoe
Monica

Anônimo disse...

Minha querida, com toda certeza do mundo você NÃO exagerou. Mesmo.

K. disse...

Meu avô sempre me diz uma frase que me guiou e ainda me guia por quase todas as decisões que eu tomo na vida. Ele me diz que "quem tá com a coisa é que sabe". Como viúva precoce tenho certeza que mais que qualquer outra pessoa você sabe o que já passou, o que seus filhos passaram após o acidente e baseado em todo o seu conhecimento de causa e dos pequenos tomou essa decisão. E somente você pode julgá-la.
E não, você não exagerou.

Nana disse...

Definitivamente,você NÃO exagerou. Depois da dor da perda e de tudo q vocês passaram - e SÓ VOCÊS sabem pelas coisas que passaram juntos nessse últimos meses sem o Fer - todo e qualquer cuidado com as crianças e com você não é pouco; é bem-vindo e é certo.
Q bom q está tudo bem! Bjs e fiquem com Deus.

Fabi Alvim disse...

Nossa, exagero? Como assim?!! Acho que vc procedeu da melhor maneira do mundo! Aliás, não precisa ninguém pra te dizer isso... basta a reação deles, né??! Que bom que seu pai está bem!!
Beijos pra família!

Simone disse...

Vc exagerou? Depois de tudo o que vcs passaram? Definitivamente não! Eu agiria da mesma forma, acho que a verdade deve prevalecer SEMPRE, o que muda é o jeitinho que usamos para isso! Acho que a sua preocupação em "como" contar para as crianças, o susto, as coincidências não deixaram outra alternativa. Eles reagiram super bem e logo mudaram o foco, mas E SE a reação deles fosse diferente? Resposta: vc JÁ estaria preparada e não seria pega de surpresa sem saber como agir! Super certa Mirys, não encana com isso não! E eu sou adepta daquele ditado: melhor pecar pelo excesso! Beijos.

KATIA disse...

OLÁ....EU TBM SOU VIUVA À 2 ANOS E TENHO 2 CRIANÇAS....SEI COMO É DIFICIL ESSA SENSAÇÃO DE PERCA....FARIA O MESMO....BJS....

Leila disse...

Oi,Mirys cheguei ao seu blog através do CP,sempre leio mas não comento.Hj precisava fazê-lo.Não se preocupe,vc não exagerou.Cuidado e carinho com nossos filhos nunca são demais,ainda mais tendo passado há tão pouco tempo por tudo q vc passou.Melhoras para seu pai,abraços com carinho.

Luciane disse...

Myris, sou nova aqui, sou de jaú, e simplesmente amo seu blog, acho vc demais, sempre penso em você para fazer o mesmo com meus pimpolhos. Sobre sua pergunta, acho que Deus usa de situações semelhantes para nos curar, muitas vezes vivenciamos uma situação parecida, apenas para que Deus complete sua obra de cura em nós. Sinto que Ele quis te mostrar que está no comando e que basta confiar. É só o que temos a fazer, confiar, sempre. Super beijo e Deus abençoe sua família linda.

aline disse...

Oie! Bom dia! Sabe, acho q essa pessoa disse q era um exageiro p/ te fazer bem, pra que, na próxima situação tensa, vc não tenha esse misto de sensações ruins de novo, de importência, pq vai lembrar que nem toda crise grave tem, necessariamente, um final fatal. Mas agora vc não fez nada absurdo não, simplesmente tomou as medidas necessárias que o momento pedia. Mas aposto q na próxima vc não sofrerá tantas reações pq estará cada vez mais forte!

Bjos

aline disse...

Eita! Escrevi tuuudo errado! sorry pelo português porquinho!

Lu disse...

Eu sempre digo, só quem passou pelo que nós passamos sabe o quanto não é exagero nossas reações a acidentes...só nós sabemos o quanto dói e como nos retorna ao passado só de ouvir a palavra acidente....liga não, "Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem (ou dizem)" Não foi o que Jesus disse na Cruz???...só que a gente nãoé Jesus né? às vezes certas coisas q nos são ditas nos magoam e nos indignam.
bjs
Lu

Sheila Mendes disse...

Oi Mirys, td bem?
Exagero? de forma alguma, entendo como cuidado. Só vc sabe o que passou e tem passado com seus filhos. E a certeza de que o seu cuidado deu certo foi a reação deles.
Minha querida, continue cuidando dos seus filhos assim, tenho certeza que vc está no caminho certo. Que Deus continue abençoando você, seus filhos e sua família.
Bjos.

Karina disse...

Mirys! Acredito que vc não exagerou. Você se preparou antes de falar com as crianças, que é o mais correto em minha opinião. Assim o trauma se torna menor. E vc pensou neles antes de sair com tudo atrás do seu pai (é a velha regra básica, coloque a máscara de oxigenio primeiro em vc e depois ajude aos outros). Bjão adoro seu blog!

Anônimo disse...

Você exagerou em se incomodar com a opinião desta pessoa.

Anônimo disse...

amore, eu senti a mesma coisa que você! Um friozinho deslizou pela minha coluna... um já-te-vi... mas há q se considerar que o ser Freitas tem q ter o controle total... será? lvu, bjs e bênçãos, tiaMIGa

Carina Ferro disse...

Mirys,

Acho que vc não exagerou não. Depois que temos filhos a gente sempre se preocupa com o bem estar deles antes de qualquer coisa e como diz o ditado: gato escaldado tem medo de água fria.
Depois que tudo deu certo, que as crianças reagiram bem, pode parecer exagero, mas quem poderia garantir que seria assim?
Graças a Deus que para as crianças é tudo tão simples!! Vc disse bem... que inveja!!

Fiquem com Deus.
Beijos

Patrícia Lopes de Lara disse...

Mirys
Sempre vamos cuidar e nos preocupar da cabecinha dos nossos pequenos. E ai de quem disser que estamos exagerando.
Obrigada pelo comentário no blog.
Dessa vez, minha casa está tão bagunçcada e fora de controle depois de uma sussessão de empregadas malucas que só mesmo uma mudança para eu conseguir me ajeitar novamente.
E adivinha o que mais me preocupa em meio a tudo isso? A cabeça desses dois pequenos aqui que deixam rotina, amigos para trás...
Jamais acharia um exagero.
Um beijo grande, e melhoras para o seu pai!
Patricia
patipins.blogspot.com

Anônimo disse...

É aquela história: "Pimenta nos olhos dos outros é refresco".

Mila Machado disse...

Mirys, você não exagerou, sabe pq?
Porque Deus tem te dado sabedoria para fazer sempre o melhor para essas duas pessoinhas.
Só estando em seu lugar para saber realmente as dificuldades, você agiu super certo, na dúvida, consultou alguém que poderia ajudá-la.
Bom, Graças a Deus que passou tudo...Tudo está bem agora!
Beijos

Vitória disse...

Eu entendi agora!
Sinto muitoooooooooooooooooooooooooooooooo
Só Deus mesmo p te ajudar!
Mas ele nuna vai lhe desanparar.