segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Hora H 13 - sozinha em pleno reveillon (Diário da Mirys)

Tenho que confessar que eu não levei aquele pedido de casamento a sério. Claro que não! Tudo bem que um monte de gente pode achar que era "óbvio" que ele estava a fim de mim há tempos, que era "óbvio" que ele dava vários sinais, que era "óbvio" que ele só não se declarava pra mim porque sabia que eu estava vendo outra pessoa... mas, pra mim, não era óbvio. Nada disso era tão cristalino e transparente assim... Porque eu vivo num mundo à parte, eu não "vejo" certas coisas nas pessoas, porque em nenhum momento ele tinha dito "Mirys, eu estou a fim de você" (issooooooooo seria óbvio), porque nós éramos amigos! A-mi-gos!

Ainda acha que eu sou ingênua demais, lentinha demais??? Que tudo aquilo não era muuuuito surreal pra ser verdade??? Ok. Então, vamos lá: levante a mão quem já foi num barzinho com um amigo e recebeu um pedido para se casar e se mudar para as Filipinas! Vamos... levantem as mãos... não sejam tímidos... Vamos, pessoal! Quem aqui já passou por isso??? Heim??? Heim??? Heim??? Ninguém?... rsrsrsrs

Mas, na verdade verdadeira, eu acho que o maior motivo pelo qual eu não "via" tudo aquilo acontecendo do meu lado era porque eu ainda estava traumatizada. Eu ainda me sentia viúva (o que já era um grande progresso! Após quase dois anos, eu não me sentia mais casada, eu me sentia, finalmente, viúva). Eu ainda achava que o amor não era mais possível, plausível ou óbvio pra mim. Eu achava que nunca mais alguém fosse querer ficar comigo, do tipo "querer de verdade"... nem a pessoa com quem eu estava saindo queria! Me diz como pensar de outro jeito se todos os fatos ao redor te levam a pensar assim?

Mas, naquele fim de ano, essa situação começou a me incomodar. Algumas coisas mudaram de estado e eu comecei a repensar aquele meu brilhante plano de "não namorar" ninguém. As crianças conheceram e começaram a se envolver emocionalmente com o moço com quem eu saia. Ele acabou participando de uma festividade nossa e foi apresentado pra toda a minha família. Ele frequentou alguns eventos comigo. A gente acabou se beijando em público (não perto das crianças. Nunca aconteceu perto das crianças porque a gente nunca se assumiu e eu achava descabido a "mãe do Guigo e da Nina" beijar um "amigo", enquanto as mães dos amiguinhos do Guigo e da Nina só beijavam os PAIS dos amiguinhos do Guigo e da Nina. Seria uma discrepância muito grande para se explicar.). Ele foi apresentado para quase todos os meus amigos, jantou na casa de uns, foi em festas na casa de outros, conversou com mais alguns em restaurantes. E eu na vida dele? Nada. Eu conhecia os amigos da balada (porque a gente encontrava com eles) e só. Não conheci pai, mãe, irmã, irmão, sobrinho, amigo de infância, nada. Eu "não podia" ser apresentada pra ninguém, ainda. Eu entrava escondida, eu saia disfarçada. Eu só conhecia os amigos dele com os quais a gente se encontrava, à noite, quando saíamos. Pessoal sensacional, aquele! Galera super alto astral, talentosíssima, que me tratava muito bem QUANDO me via. Eles apostavam muito na gente e viviam se referindo à mim como "a namorada", mas ele logo corrigia "a gente não tá namorando". E aquilo, em alto e bom tom, é meio chato de ouvir...

Enquanto isso, o H estava trabalhando. Muito!!! Alucinadamente!!! Mas vivia me mandando torpedos e mantendo contato por e-mail. Nada comprometedor, tudo tranquilo. Vez ou outra, ele perguntava "e o namorado?". E eu explicava que ainda estava com o moço, sem muitos detalhes. Eu perguntava de alguma mulher na vida dele e ele não tinha nenhuma. E a vida seguia...

Até que chegou o reveillon de 2011/2012! Eu estava em "mini-férias" desde um pouquinho antes do Natal e andava curtindo muito as crianças, viajando um pouquinho, descansando um montão, vendo e revendo um tanto enorme de gente que eu amo. Como qualquer pessoa normal, eu usei o final do ano para rever tudo o que tinha me acontecido, o que ainda estava acontecendo comigo e fazer planos para o ano seguinte. Normal, não é? Normal e delicioso, até que você percebe que está fazendo planos sozinha. Eu podia programar viagens com as crianças, colocar os dois no carro e ir. Eu podia programar ler x livros, compra-los e começar. Eu podia programar (pela milésima vez) começar um curso de italiano, encontrar um professor e mandar bala. Mas eu não podia programar "tentar um relacionamento de verdade" sozinha... Sabe aquela máxima: quando um não quer, dois não brigam? Pois é...

Aquilo começou a me entristecer, mas eu já tinha passado por coisa muito pior. INFINITAMENTE PIOR! Então, eu resolvi fazer o que eu tinha aprendido nesse tempo todo: seguir sorrindo, fazer de conta que não era comigo, que não incomodava e tocar o barco. Fingir que eu estava feliz com taaaaanta vontade que, numa hora, até eu mesma iria acreditar. Simples assim.

E na noite do reveillon, enquanto os meus irmãos tinham programas super sensacionais pra fazer, a casa de muitos casais amigos pra visitar (quase todos os meus irmãos já estavam casados, 2 anos depois do acidente. Lembra que eu falei que deu urgência em tudo mundo? Então, todo mundo se casou e, agora, saiam com outros casais), viagens pra fazer, eu tinha... nada! Pelo menos assim, nada de especial. Nada de emocional. Claro que eu tinha as duas crianças, claro! Claro que eu visitaria minha avozinha e curtiria (sem saber) o meu último reveillon com ela, claro! Claro que eu ajudaria nas compras e elaboração das comidas, claro! Mas, enquanto minha tia cortava tomates e recebia beijinhos eventuais do marido (mega carinhoso), ao meu lado, eu... cortava tomates. E só! Sem beijo, sem abraço, sem aperto de mão, tipo aquela criança que brinca de "salada de frutas", mas nunca é a escolhida e volta pra casa sem nada...

A noite chegou, nós jantamos na casa de uma tia, um pouco mais cedo do que o tradicional (por causa da minha avó). Meus irmãos jantaram conosco e partiram para outras casas (dos sogros, dos amigos, etc e tal). A meia noite chegou e os filhos da minha tia foram para uma mega festa, num clube da cidade. Quando eu percebi era, no máximo, meia noite e quinze e eu estava no meu sensacional reveillon, ao lado de (casais!!!) parentes da minha tia + minha avó + meu tio especial + umas 6 crianças. E fim. Deixei as crianças brincarem até uma da manhã e achei que já tinha ultrapassado todos os meus limites, peguei os dois e fui pra casa dos meus pais, coloca-los pra dormir. Sentei na frente da TV e comecei a procurar um filme porque eu me recusava a dormir naquele horário!!! Começou a chover forte, muito forte lá fora. E quando eu ia começar a chorar, minha mãe apareceu na porta da sala. Engoli. "Oi mãezinha" "Filha, e as crianças?" "Já estão deitadas. Eles estavam exaustos." "Você não vai dormir?" "Não tô com sono, mãe. Vou ver um filme." Ela me deu um beijo e foi pro quarto. Talvez fosse chorar por mim, também... porque deve ser triste, muito triste, você ver a sua filha mais velha (de 10!!!), que é super social, que adora estar em meio às pessoas, naquela situação... Nem a minha nona irmã ficou sem programação. Eu fiquei.

Mas, antes que eu começasse a chorar, o celular tocou: "Mirys?" Era o H. Ele já tinha me mandado um torpedo de "feliz ano novo". Eu já tinha respondido. Éramos amigos, afinal das contas.

"E aí, Mirys, onde você está?"
"Estou na casa da minha mãe..."
"NÃO ACREDITO! Fazendo o que??? Você não foi pra lugar nenhum?"
"Fui, sim. Jantei na tia C, mas ficou tarde, as crianças ficaram cansadas e eu vim colocá-los pra dormir..."
"E eles já dormiram? Tem mais alguém em casa pra ficar com eles?"
"Sim. Meus pais também estão aqui."
"Então, eu vou te buscar para você vir na festa em que eu estou. Você conhece todo mundo, aqui, e o pessoal vai adorar te ver!"
"Mas, H... eu já estou trocada (mentira!), eu ia ver um filme na TV..."
"Mirys, você NÃO VAI passar a noite de reveillon sozinha! A festa é aqui na esquina da casa dos seus pais. Você quer que eu vá te buscar ou você vem?"
"Eu não sei..."
"Mirys, se você não vier, eu vou te buscar. E vou ficar na porta da sua casa até você sair."
"Mas está chovendo..."
"E com chuva ou sem chuva você não vai ficar sozinha. Tô indo te buscar! Tchau!"
"Peraí, H! Pode deixar que eu vou. Vou pegar um casaco do meu pai e eu vou praí, tá?"
"Ok. Vou te esperar no portão, pra você não ter que tocar a campainha e ficar na chuva..."

A minha mãe tomou um susto quando eu entrei no quarto dela, dei um beijo e avisei onde ia. "Mas agora, filha?" Antes tarde do que nunca, não é??? Peguei um casaco do meu pai (que ficou enorme e me protegia inteira) e fui. Cheguei com o cabelo um pouco molhado na festa, mas fui. Cheguei atrasada na festa, mas fui. Cheguei tão empolgada que me esqueci de cumprimentar todo mundo (e eu, realmente, conhecia todo mundo), mas fui. Acho que eu iria até se estivesse chovendo granizo e eu tivesse que atravessar a cidade à pé!

Agora, eu não estava mais sozinha! Eu tinha amigos ao redor (casais, tudo bem, mas o H não estava de casal), tinha música ao vivo (muitos dos meus amigos tocam algum instrumento e eu A-DO-RO isso), tinha comida típica de ano novo (sou louca por castanhas e damascos - e isso tinha aos montes), tinha um monte de gente de branco, tinha vinho frisante, tinha... VIDA! E aquilo me fazia tão bem!!!

Fiquei por lá até umas 4hs da manhã, quando o povo começou a ir embora. E, na hora de sair, eu fui me despedir de todo mundo, beijei a irmã do H, o cunhado dele, alguns amigos em comum... e, de repente, eu ouço sem querer uma conversa do H e da irmã dele: "Quer dizer, então, que eu vou ser cunhada da Miriane? Quem diria..."

COMO ASSIM???????
Naquela hora, as fichas que não tinham caído até então... despencaram!!!! Foram caindo dentro da minha cabeça feito uma trovoada, fazendo um barulho ensurdecedor! Eu, cunhada de alguém???? Eu, cunhada da irmã do H que SÓ TEM ELE DE IRMÃO??? Eu, alvo de interesse do H a ponto da irmã dele saber??? Eu???? Eu????? Era uma informação muito importante para ser gerenciada e eu estava... bem... em choque! Feito alguém que tem 15 anos e nunca beijou na vida, sabe? Só que eu tinha 37... E já sabia como funcionavam essas coisas! Pra você ser cunhada de alguém, você tem que ser namorada/noiva/esposa de outro alguém!!! Porque "saintes" não tem cunhadas. "Ficantes" não tem relações familiares. E eu estava sendo chamada de "cunhada"!!!

Eu só me lembrei de quantas e quantas vezes eu tinha dito para diversas pessoas "Quem? O H? IMAGINA que ele está interessado em mim! Que absurdo! Somos só amigos! Nunca tivemos nada!". E a gente nunca tinha tido nada, mesmo. Zero. Nem uma olhadinha, nem uma palavra torta, nem nada. Até o dia em que ele revelou o antídoto do meu repelente. Até lá, a gente era menos do que amigo, até. A gente só se conhecia. Como as coisas podiam ter mudado tanto?????

Cenas do próximo capítulo aqui.

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19 comentários:

Anônimo disse...

Meuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu Deussss que curiosidade!!!!
Conta mais mais mais mais mais.. hahaha

Morena disse...

AI O AMOR É LINDOOOOOOOOOOO!!!

Beijos saltitantes
Boa semana

Patricia disse...

Nhaiii que gostinho de quero mais...rs
Libera o próximo capitulo ainda hoje?! Please!!!

Nana disse...

Kkkkkk...e as coisas vão tomando forma!!!!

Anônimo disse...

D+++++++++++++++
Continua

Sheila Mendes disse...

Oi Mirys, tudo bem?
COmo foram de fim de semana????

Amei essa parte da história, por favor não me mate de curiosidade, rsrsr, please!!!
Bjos.

Ilmara disse...

Mais, mais, maisssssss!!!!

Anônimo disse...

que estória mais linda!
que urdidura firme, que delicado tecido..que cores matizadas...
caríssimo H., legal seus comentários e sua intervenção.. gostaria muito de saber desse tempo inicial da paquera sob o seu ponto de vista..conte-nos aqui..
um grande abraço aos 6...(por enquanto)..
odila

Geo Honório De Freitas disse...

Ah nãoooooo... Eu só quero saber como é que vai ser no final da história: Os três mosqueteiros vai virar os seis mosqueteiros???? rsrsrsrs

Anônimo disse...

Como é bom amar e ser amada.
Você merece.
Beijos
Silvia

Claudia disse...

Ai Mirys vc me fez lembrar meu primeiro Reveilon sozinha, agora vou para o segundo. Tua história está demais, mas o H, foi maravilhoso com vc. Até a próxima história...

Regiane disse...

Meu Deus...... morro de curiosidade!!!!

Mirys, escuta, sério, Seu blog tem que virar um livro. Vai ser um romance Best seller....

Beijocas

Adriana Alves Massan disse...

Olha, sinceramente não me lembro deste comentário! Mas, fico feliz em tê-lo feito! Na verdade, o primeiro a cantar a bola foi meu marido, Ronaldo! Isso bem antes do Ano Novo! No primeiro papardelli, que o dito H. , fez aqui em casa. Não me lembro exatamente a conversa em q M. foi citada, mas sim o q o Rô falou depois q o H. foi embora: "more, não adianta. O fim do H. é a Miriane!" Preciso falar mais alguma coisa?

Haydil disse...

MIRYS, isso é tortura, conta tuuuuuuuuuuuuuddddddddooooooooooooo! Te adoro, adoro ler seus textos e conhecer sua história. LUZES DIVINAS NO SEU CAMINHO SEMPRE!!!!!!!!!

carina paccola disse...

Fico muito feliz de conhecer toda a sua história. Acompanho seu blog há tempos e sua sabedoria é inspiradora. Concordo com o que a Regiane disse acima: essa história merece virar um livro. Vai ajudar muita gente. Boa vida pra vocês, que merecem ser muito felizes!

Fernanda Dionisia disse...

"Eu, alvo de interesse do H a ponto da irmã dele saber???".. rsrs acho que todos tinham reparado menos vc,realmente é difícil,nós temos uma boa percepção qndo é com os outros e quando está acontecendo na nossa vida nem acreditamos.
Mirys História da vida real inc´rivel,parece conto de fadas onde um príncipe salva a princesa.
ótima iniciativa do h te fazer sair de casa ;)

lili disse...

Tá, mas e você, estava apaixonada?

Karina disse...

Que lindo!!! Na primeira noite do ano!!!!

Adorei o Garfield!!! As vezes sorrio tanto q as pessoas me sorriem de volta, até algo estranho acontece e fico assustada!!! Bem o Garfield mesmo!!! rsrsrs

Bjinhos!!!

Coisinhas da Micha disse...

MENINA PARA TUDO. Pelo amor de Deus assim você mata a gente de curiosidade.Já te falei que as tuas postagens são esperadíssimas? MORRO de ansiedade olhando os emails pra ver se o teu está lá? Estou amando seus posts. Como uma leitora sua já disse, tem que virar livro. Beijos e até o próximo post.