"Você tá perto de onde?"
"Do centro."
"Conhece o barzinho V? Vai pra lá que eu te encontro em 5 minutos."
Fui.
Chegamos quase juntos e ouvi um "uau, você está linda!", bem na porta. Sorri. Sentamos, ele pediu queijos (que eu ADORO e todo mundo que me conhece o mínimo sabe disso!) e alguma coisa pra bebermos, e começamos a conversar. Eu tentei disfarçar, falar sobre a vida, o trabalho, o tempo. Mas ele percebeu que eu não estava bem... que tinha algo de diferente... e eu contei.
Contei que tinha usado a dica dele, mantido o olhar e que andava praticando isso: que eu estava vendo alguém. "Então você está namorando?" "Não H, não estou namorando. Eu não quero namorar ninguém. Ele também não. A gente só está saindo... uma coisa assim mais leve... mais tranquila... mais sem compromisso..." "Mas, Mirys, você NÃO É assim. Você não 'sai' com as pessoas. Você se envolve. Você se importa." "Pois é, H... mas, agora, eu não consigo. Eu ainda me sinto casada e ainda acho que posso estar fazendo algo de errado. Mas não dava mais pra ficar do jeito que eu estava, jogando contra mim mesma. Então... parei de passar meu repelente natural de garotos e estou 'saindo' com um." "Sei..." "H, foi você mesmo que me deu a dica! Mantenha o olhar! Agora, eu consigo sentar numa mesa e manter o olhar com outras pessoas e tentar. Tentar, de novo." "Mirys... o que é que eu fiz com você?". Eu ri. Ele não.
E eu continuei contando a minha versão da coisa toda: como eu tinha começado, como eu tinha continuado a sair só com aquela pessoa com quem eu saía, como eu estava me sentindo, as coisas bacanas que ele tinha feito pra mim. Conversa de amigos, sabe? Daquele tipo que é gostoso de ter com amigos do outro sexo, porque eles sempre podem te dar "informações de bastidores", como faça isso ou faça aquilo, homens não gostam disso ou gostam muito daquilo, quando a gente diz A quer dizer A mesmo (o que, pra nós mulheres, é um mistério total!!! Como alguém pode dizer A querendo dizer A??? E o charme, e o suspense, e o adivinhar?... Homens, bah! Esses seres simples!...).
Falei, falei, até que cheguei no episódio daquela noite. Contei sobre a conversa com a minha mãe, sobre a saída "pública" na chopperia e sobre a ex namorada ciumenta. Contei sobre sair do lugar, sobre ele me seguir, sobre ela segui-lo. Contei sobre a falta de posicionamento do moço, sobre a falta de uma atitude mais enfática no bar, algo como "não, você não vai me abraçar ou beijar ou discutir a relação comigo porque nós NÃO TEMOS uma relação. Eu estou com a Miriane." Mesmo que não tivesse essa frase final (pra me preservar - ele tinha até essa desculpa). Mas a passividade dele com relação a tudo me incomodava... Quando ia continuar, meu celular tocou. Era um amigo do moço com quem eu saia.
"Mirys? Oi. Eu sou o fulano, amigo do moço."
"Oi. Prazer. Sou a Mirys."
"Mirys, eu sei que você não me conhece, mas se você não acredita no moço, eu estou te ligando pra falar que ele não saiu com aquela
"Tudo bem. Obrigada por ter ligado. Mas eu não falei que eu não acredito nele. Na verdade, eu nem preciso acreditar nele ou não porque eu nunca pedi fidelidade a ele e nós não temos um relacionamento no qual se espera, automaticamente, fidelidade."
Desligamos. Ligou outro.
"Mirys? Oi. Eu sou o fulano, outro amigo do moço."
"Oi. Prazer. Sou a Mirys."
"Mirys, eu sei que você não me conhece, mas se você não acredita no moço, eu estou te ligando pra falar que ele não saiu com aquela
"Tudo bem"
"Ah! E ele não te ligou, ainda, porque ela roubou o celular dele e a carteira. Ela pegou as chaves do carro dele, jogou longe, e saiu dirigindo o carro dela, com as coisas dele. Ele, agora, está atrás dela, só pra pegar as coisas de volta"
Oi???????????? Como uma mulher, que NÃO está saindo com um cara, consegue pegar celular, chaves do carro... e a carteira que estava no bolso de trás da calça de alguém, assim??? Sem nenhuma intimidade??? Eu não pego carteira no bolso da calça nem do meu irmão!
Não era ciúmes, mas aquela estória toda ficava, cada hora, mais maluca e incompreensível. E eu estava morrendo de vergonha porque o H estava lá, comigo, na minha frente, ouvindo (a minha parte) de todas essas conversas. Ele me conhecia. Ele sabia que eu estava num terreno totalmente diferente pra mim. Que eu nunca, jamais faria parte de uma bagunça toda dessas por opção. Que eu nunca brigaria num barzinho. Que eu não tinha ficado com alguém que não fosse 100% envolvido comigo, até então. Que aquilo tudo "não combinava" comigo...
E o celular tocou. Era o número do moço.
"Mirys?"
"Oi."
"Onde você está? Eu quero ir aí falar com você."
"Tô aqui no barzinho V."
"Eu posso ir aí?"
"O bar é público..."
Ele me garantiu que a moça não estava mais seguindo o carro dele (meus sais!), que ela não iria nesse outro lugar, dar outro escândalo. E que ele precisava me explicar certas coisas.
Quando eu desliguei, o H disse: "Mirys, esse seu namorado..." "Ele NÃO é meu namorado, H. Eu não estou namorando." "Tá bom, esse seu 'não namorado' vem pra cá? E a menina? Eu estou preocupado com você..." "Tudo bem." "Você quer que eu vá embora?" "Não, H. Você é meu amigo e vai ser bom ter alguém comigo, caso aconteça mais alguma coisa." "Mirys... você tem certeza de que quer passar por isso tudo... de que quer ISSO pra você?..."
E o moço chegou. O H se apresentou e convidou o moço pra sentar. Pediu mais um copo e ofereceu o que nós bebíamos. E o moço começou a conversar comigo e jurar de pés juntos que não tinha saído com a ex, na noite anterior. A conversa ficou mais particular, o H percebeu, levantou e ficou perto do balcão, dando um tempo e mexendo no celular. 1 minuto... 2 minutos... 5... 10... 20... O H voltou pra mesa e disse que estava indo embora. Me abraçou e perguntou, em inglês, se eu estava bem e se eu ia ficar bem. Eu disse que sim. Então, ele olhou pro moço com quem eu saia e disse:
"A Mirys é uma grande amiga minha e eu gosto demais dela. Então, trate ela direito, ok? Não vá magoa-la. Cuide direito dessa menina que ela é muito especial..."
Apertou as mãos do moço, me deu outro beijo no rosto, fez que ia... "Are you sure you want all of this?". Só respondi "Don´t worry. I´m ok." "If you need me, just call." E ele se foi.
Eu conversei o que tinha que conversar com o moço com quem eu saia. No dia seguinte eu iria viajar, mesmo, com os pais do Fer, naquela viagem anual de "avós e netos" que eu fazia questão de proporcionar aos meus filhos, e eu ficaria uns dias fora. Então, a gente teria tempo pra pensar no que queria. Expliquei que eu não sentia ciumes... eu sentia humilhação... que o excesso de atitudes dela e a falta de atitude dele é que tinham me torturado. Expliquei que EU não sabia lidar com isso.
Quando cheguei no carro, vi que tinha mensagem na minha caixa postal. Do H. De quando ele ainda estava no balcão, observando a minha conversa com o moço. Perguntando se eu estava bem e se ele podia ir embora... porque não fazia muito sentido ele ficar ali, assistindo a cena.
E eu não captei a mensagem nas entrelinhas...
Cenas do próximo capítulo aqui.
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8 comentários:
Miriane!!!!!
Conta logo o fim dessa história, please.
Quero saber tuuuuuuuudo, nos mínimos detalhes kkkkkk.
beijos
Continua! Continua!
Sabe que até euzinha que não sou expert em "Miriane", sei que uma relacionamento assim pra você não ia rolar !!! Como você pode achar que sim, sua maluca ...rsrs
Mirys, achei que dessa vez vc não ia querer conversar com esse cara. Agora, tenho que tirar o "chapéu" para o H, que paciência, rsrsrs....
Bjos e conta mais.
Esse H merece todo o respeito, pq quanta paciência ele teve, hehehe.
Estou adorandooo cada capitulo! Conte maissssssss! Rs
Nossa!!!! estou passada!
Mirysssss
Essa ex ou sei lá o que.
Nada de ex É UM PROBLEMA, uma LOUCURA, LOUCURA, LOUCURA kkkk
Bjs e espero sinceramente que o H. Tenha logo coragem né? rsrs
Bjs
Debby :)
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