Dizem por aí que essa é a semana da amamentação (de 01 a 07 de agosto). Não fui conferir e nem precisava... Já faz tempo que eu queria falar sobre isso, por aqui!
Quando ficamos grávidas (ou mesmo antes) ouvimos mil histórias sobre amamentação: dói, "murcha o seio", é lindo, é essencialmente-estritamente-imperiosamente-necessário-e-você-TEM-QUE-conseguir, aumenta os laços entre a mãe e o bebê, é o melhor alimento do mundo... e por aí vai! Como todo assunto muito falado (por gente que entende e por gente que só quer dar um pitaco), acabam surgindo coisas irreais, no meio de tanta informação boa e verdadeira.
Eu tive um grande diferencial nas minhas gravidezes: minha irmã mais próxima (já contei que tenho 9 irmãos???) é pediatra! PERFEITO, certo? Certo! Certíssimo!!! Apesar dela não ter filhos, ainda, ela cuida dos filhos de muita gente, estudou sobre o assunto, entende de criança. E é minha irmã!!! Então, ficou perfeito, mesmo!!! Mas, o melhor dado sobre a L. eu não contei: ela é sensata! Super razoável! Ela te ouve e leva em consideração a sua experiência prática. Assim, ficou mais fácil pra todo mundo...
O Guigo eu amamentei desde o comecinho até um ano e 2 meses. Como (quase) toda mãe de 1a viagem, eu estava SUPER ANSIOSA com esse momento. E a primeira tentativa foi um desastre! Imaginem a cena: você coberta apenas com uma camisolinha ri-di-cu-la (vamos combinar que as roupas de hospital são ridículas e, ainda por cima, tem uma abertura, digamos, refrescante, na parte de trás, que te deixam completamente exposta!), num quarto de hospital, com pai + mãe + sogra + marido + enfermeira + enfermeira #2 + um monte de amigos esperando do lado de fora do quarto e entra o bebê! Ah... o bebê... tão lindo, tão fofinho, tão cute-cute, aquele pedacinho de gente entra no quarto, nos braços da enfermeira #3, depois de horasssssssss (intermináveis) de separação para os banhos de luz e tudo o mais que se segue após uma cesárea...
E você está naquele momento lindo de amor, coraçoesinhos voando pelos ares, toda terna e maternal... Quando alguém coloca o bebê nos seus braços, desce a sua camisola (opa!!!), expõe seu seio (opa #2!!!) e diz: "vamos lá. Hora de amamentar. Eu vou te ajudar." E pega aquela cabecinha linda e minúscula que você acabou de trazer ao mundo e... gira-pra-cá-gira-pra-lá, enfia o dedo na boquinha dele para ela abrir e tenta "rosquear" o pobre ser ao bico do seu seio, dizendo coisas que, até 9 meses atrás, você não costumava comentar sobre você mesma (tipo o tamanho, a cor, o formato, as granulações ou falta delas de parte do seu corpo!!!). Socorro!!!!!
Você, que até então levou uma vidinha calma, serena e tranquila, expunha a sua intimidade (física e emocional) até onde VOCÊ queria, só tinha deixado certas pessoas tocarem seu corpo, de repente se vê num momento surreal: acabou de ser cortada, costurada, furada, medida por muitas pessoas que você nunca tinha visto na vida (com exceção da sua médica G.O.) e passa para a próxima sessão de apalpa, abre, aperta, mede, segura o seu corpo, com outras pessoas que você nunca tinha visto na vida (as enfermeiras), num show particular para pessoas que você já tinha visto mas que nunca tinham TE visto, dessa maneira, antes. #PELOAMOR!!! O pior é que você está deitada numa cama, com alguns tubinhos entrando e saindo de você (gente, que coisa estranha e constrangedora é uma sonda???? Heim?????), com todo amor do MUNDO praquela pessoinha que está ali e toda a vergonha do MUNDO daquelas pessoonas que estão ali, também.
Alguém me salva?????
Então, você ouve na sua cabeça tudo aquilo que aprendeu nas aulas do "cursinho de gestantes": mantenha a calma, fique tranquila ou o leite não "desce", relaxe para amamentar senão o bebê sente, segure docemente a criança, ouça música para ajudar a criar o clima... Cadê a música??? Cadê o "docemente" (se alguém está dobrando o seu braço e dizendo "você tem que ficar assim. Vou colocar o bebê aqui, agora")???? Cadê a tranquilidade com todo mundo no seu quarto assistindo a sua incompetência em alimentar seu próprio filho??? Cadê a mãe relaxada, quando alguém está virando a cabeça do seu pequeno (que não sabe se defender), para lá e para cá, e pressionando o pobre contra o seu corpo????
Mas, nessa hora, no meu caso, dois super-heróis entraram em ação!!! Meu super marido colocou pra fora do quarto todo mundo (todo mundo! Até meu pai, médico, acostumadíssimo a ver pessoas "como elas vieram ao mundo"... mas que não ME via daquele jeito, desde que eu tinha uns 12 anos! Então, desculpa, tá gente, pelo meu puritanismo, mas eu não ficava a vontade... Fazer o que???). Só ficaram ele e a minha irmã. E foi a hora da segunda super-heroína entrar em ação. Sem me fazer de robozinho ("dobre o braço, suba o corpo, vire para a esquerda numa medida de 15o"), nem transformar meu bebê num Michael Jackson precoce (virando sua cabeça em posições dignas de um contorcionista), ela só me orientou. Ela falava e eu fazia. Com calma. Tranquila. E o MAIS IMPORTANTE: ela me disse que, se o Guigo não mamasse daquela vez, TUDO BEM!!!! Porque as crianças nascem com uma "reservinha de gordura / energia" e podem ficar, em geral, até 70 horas sem mamar que ninguém morre de fome! (as palavras, leigas, são minhas, tá?). Como isso tranquiliza uma mãe?????
Porque, gente, no fundo, a coisa é toda muito simples: segure seu bebê nos braços, coloque a boquinha dele perto da fonte, ajude-o a entender o que se passa e... pronto! O resto, o bebê faz sozinho (por instinto, ele começa a sugar).
Doeu? Sim. Por uns 5 ou 6 dias.
Fiquei cortada (rachada)? Sim. Por uns 5 ou 6 dias.
É um ato de amor? Sim. Depois de um tempinho (quando a ficha cai), você começa a sentir um amor incrível por aquela pessoinha e esse momento de vocês dois é ÚNICO!!!
Aumenta o vínculo entre mãe e filho? Não sei. Eu tenho laços muito estreitos com o Guigo, hoje, mas conheço algumas mães que não amamentaram e que também têm laços fortíssimos com seus pequenos.
Quanto mais você amamenta, mais leite tem? Sim. No meu caso, pelo menos. É a estimulação - você manda um recado pro seu corpo do tipo "pode mandar que os fregueses estão consumindo! Sai mais uma porçãozinha!".
Ou seja, como quase tudo na vida, é uma questão de tempo! Você precisa de tempo para se acostumar, para que seus hormônios voltem pro lugar deles (isso merece um post próprio), para se tornar mãe e ter atitudes e jeitos de mãe. Ninguém nasce sabendo! E o bebê também precisa de tempo. Imaginem que, poucas horas atrás, ele nem respirava!!! De repente, ele sai de um lugar e entra em outro, onde ele descobre que tem ar, ele aprende a chorar, ele se estica e não encontra nada (dentro de você, ele SEMPRE encostava em alguma coisa quando se esticava). Quase nada no corpinho dele funcionava daquele jeito, até horas atrás! Vias respiratórias, braços, pernas, sistema digestivo (também merece um post à parte - cólicas e chororôs), pele (frio e/ou calor), olhos (luz / imagens ou vultos)... e você quer que ele acerte mamar de primeira????? E você quer que VOCÊ acerte amamentar de primeira????
Então, que me desculpem as pessoas que trabalham nos hospitais (clap, clap, clap - meu sincero reconhecimento pelo trabalho importantíssimo que todos vocês fazem), mas não era normal PRA MIM ter meu corpo assim exposto. Não era normal PRA MIM ser apalpada, amassada, ajeitada, lavada e etc por mulheres que eu nunca vi na vida. Não era normal PRA MIM ficar no ângulo XYZ que seria a posição mais confortável (oi???) para amamentação. Eu não era mãe. Eu nunca tinha sido mãe, antes. Nunca tinha amamentado. Para mim, tudo aquilo era uma grande novidade!!!!! Eu sei que para vocês é normal ver pessoas com camisolas quase transparentes, completamente descabeladas, com bafo e olheiras, deitadas em camas; é normal verificar se o leite já "desceu" apertando o bico do seio de alguém (dói, viu? Só pra constar...); é normal, mais prático e mais rápido pegar no corpo de alguém e colocar as costas na posição correta, o braço na posição correta, o seio na posição correta; é normal. É rotineiro. É cotidiano. Enche a paciência falar 1.000 vezes as mesmas coisas para 1.000 mães diferentes, por dia. Mas, PARA MIM, aquele era um momento único. Não é o meu trabalho, não é o meu cotidiano, não era a minha realidade até aquele instante. Então... um pouquinho de paciência comigo (e com as outras mães de 1a viagem), por favor???....
E a minha dica para vocês que vão se arriscar nessa nova e deliciosa aventura de serem mães: tenham paciência com vocês mesmas!!! Respirem, tomem muito líquido e dêem tempo ao tempo. Não se esqueçam da dica precioso: o bebê pode ficar até 70 hs sem mamar que não morre de fome. Isso acalma MUITO as mães...
OBS: esse NÃO É um artigo médico. Por favor, discuta com o seu ginecologista e com o seu pediatra sobre os procedimentos que seriam mais adequados no SEU caso, ok?
3 comentários:
Amei Mirys, tbem nunca me seti confortável amamentando com muita gente em volta!!!
Bjos
Ana
http://amaedosgmeos.blogspot.com/
Olá! Adorei a atitude do paizão. Eu e minha namorada pensamos muito em nos casar e ter filhos ( ou apenas um, sabe Deus ), e ela é muito, muito, muito tímida, assim "puritana". Adoro isso nela! Só de pensar nesses momentos já fico ansioso. Imagine, nosso filho, ali, vindo! E farei questão de "expulsar" todos que estiverem no quarto, afinal conheço bem a Natalia e sei o quanto ela passará de vergonha. E eu, como novo pai e bom marido ( quero pretendo e me esforçarei o máximo para ser ) farei questão de, gentilmente, expulsar todos e preservar, nem que seja por pouco tempo, as vergonhas de minha querida. Quando puder, se tiver interesse, gostaria de contar mais sobre nós. Adoro ler suas histórias! Acompanho já faz um bom tempo! Beijos! Cristiano.
Olá Mirys! Eu vi uma amiga passar por tudo isso que você passou e fiquei assustadíssima com tudo isso, então durante a minha gravidez sempre me preocupei com isso e utilizei de alguns recursos que não sei se foi o conjunto todo que fez efeito ou se foi apenas um. Mas vale deixar como dica, porquê a minha amamentação foi super tranquila. Eu estava sozinha no quarto quando a Beatriz chegou, apenas 1 hora depois do parto, a enfermeira pediu para esticar para os lados um pouco o mamilo e o leite logo brotou, então ela me orientou quanto a posição e a Beatriz logo começou a mamar tranquilamente. Além disso nunca tive uma rachadura, uma dorzinha sequer, a não ser quando o meu peito empedrava de tanto leite.
Vamos às dicas:
- Desde o início da gravidez comecei a passar bucha vegetal nos mamilos.
- Aos seis meses de gravidez comecei a passar a pomada Massê e a fazer massagem nos mamilos.
- Uma semana antes do parto fiquei em casa por causa do carnaval e então passei a utilizar aquelas conchas nos seios para que o mamilo aumentasse um pouco, pois eram muito pequenos e sensíveis. Esse eu utilizei durante o primeiro mês de amentação também.
Bjs,
Fernanda Matias
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