Depois de muito tempo esperando por alguém que se encaixasse naquilo que eu achava que era o melhor pra mim (alguém sem histórias anteriores e que não me conhecesse previamente / não conhecesse o Fer), alguém apareceu. E começo de relacionamento é aquela beleza, né? Uma espera ansiosa por ligações, os primeiros encontros que você não sabe como cumprimenta (beijo? no rosto? abraço só? dúvidas, dúvidas, dúvidas), aqueles rompantes inesperados onde você acha tudo lindo! Tudo é o fino da bossa! Tudo te encanta!
Só que o nosso relacionamento era não público porque nenhum dos dois queria isso. Nós não nos denominávamos de nada (não éramos saintes - porque é muito feio, não éramos namorados - porque não queríamos, não éramos amigos - porque rolava algo além). Ficávamos meio que... escondidos! Sabe aquela coisa adolescente, do "proibido", do "só nós sabemos", do frio na barriga? Então, tinha mais isso! E eu, romântica incorrigível que sou, transformava aquilo em algo mágico...
Mas, passado um mês, eu comecei a me sentir meio "desleal" com algumas pessoas. Tipo: minha mãe! Eu dormia na casa dela, ela torcia por mim, eu falava tudo pra ela (menos isso), ela cuidava dos meus filhos pra eu "sair só dar uma volta"...e eu não tinha contado nada pra ela, ainda. NA-DA! Tudo bem que eu NUNCA estava com o moço em público: a gente se falava por telefone, por computador, e quando se via nunca tinha ninguém por perto (beeeeeeeem adolescente, eu disse!). Mas... vai que! Vai que alguém me visse e falasse algo pra minha mãe. Nem que fosse algo bacana do tipo: "estou tão feliz que vi a Mirys conversando com um mocinho!". Ela ficaria sabendo por OUTRA pessoa e não por mim! Resolvi assumir todos os meus 36 anos de idade e sentei, numa noite, na cama dela: "mãezinha, seguinte, eu vou sair hoje, sim, mas não vou ficar com minhas amigas o tempo todo. Eu estou vendo alguém..." (e me preparei pra lambada!).
Mas o "sermão" não veio. O que veio foi um sorriso e uma frase de aceitação do tipo: "eu acho que já era a hora, filha". Contei do moço, da profissão dele, de quando começamos, do nosso combinado de não sermos nada mais sério, das bagunças na minha cabeça de viúva (ainda). Só não contei que, depois de ficar com ele, eu chorava copiosamente porque ainda me sentia casada e fazendo algo errado. Não contei porque isso era meu e isso era triste. E aquela não era uma hora triste!
Saí dali leve, empolgada, em paz. Minha mãe sabia E ela concordava. Ela cuidaria das crianças pra mim, ciente, quando eu quisesse "sair com as minhas amigas"! Ah, a verdade é mesmo libertadora!
Então, ele me ligou, me propondo o de sempre - nos encontrarmos escondidos. Eu respondi que se ele quisesse ir em algum lugar, tomar alguma coisa, contanto que a gente não ficasse juntos no lugar, por mim, tudo bem (porque beijar alguém, em público, ainda era inaceitável pra mim). Ele pensou um bocadinho, mas topou. E nós fomos!
Ele pensou porque, apesar dele não ter "história" do jeito que eu queria alguém "sem história" (com ex esposa, filhos, viuvez e todo aquele melodrama que a minha vida já tinha!), ele tinha uma ex namorada. Claro! Eu não ia encontrar alguém de 30 e poucos que nunca tivesse ficado com ninguém! Claro que não! A namorada era, na verdade, noiva. Muitos anos juntos, muitos planos feitos, algumas reviravoltas da vida e eles não estavam mais juntos (há muito pouco tempo, quando a gente começou a sair). Mas tinham sido anooooos de convívio e ele achava desrespeitoso (e eu também) ficar circulando por aí, com alguém pendurado no pescoço. Tudo bem: tinha acabado e cada um ia seguir a sua vida. Mas demonstrações de afeto com outra, em público, depois de um rompimento de noivado, nos parecia pouco caso demais! Ele respeitava a menina e eu também. Por isso ele tinha topado tão facilmente a minha proposta de sermos só "pausa".
Mas, um mês tinha se passado e a criatividade (e a paciência) pra ficar se encontrando escondido já estava se esgotando. Afinal, éramos adultos! E solteiros. E pagávamos as nossas contas. Então, no problems at all, right? E lá fomos nós pro barzinho.
Lugar lotado, ficamos no balcão e pedimos alguma coisa pra comer e beber. Como a lei de Murphy impera (SEMPRE!), eu encontrei com a secretária de sééééculos do meu pai, logo na entrada! "Mirys!!! Você aqui!!!". Sorri, cumprimentei,
Então, ele olha pra entrada do lugar e fica branco. Tenta se esconder atrás de mim (oi???? Eu tenho 1,70 metro, mas sou magrinha!!! Não dá pra um homem se esconder atrás de mim!!!). "Me abraça?". Eu perguntei o que estava acontecendo, mas NA HORA eu já sabia: a ex dele estaria lá! Só podia ser, certo???? Certo??? Certo????
Bom... meio certo! Era uma ex, sim, mas não era a noiva. Era outra. Outra que, aparentemente, gostava dele. Outra que (eu descobri depois) gostava de um escândalo.
Eis que a moça vem, entra no espaço de pouco mais de meio metro existente entre nós, de costas pra mim, dá um meeeeega abraço nele, um beijo no rosto e... fica ali!!! Meus sais, eu não podia acreditar naquilo!!! Então, ele fala pra ela dar licença porque ele estava conversando comigo e ELA ESTAVA NO MEIO (literalmente). E ela se vira pra mim... e eu vejo que eu a conhecia! Ela tinha sido professora da minha filha! Ufa, ufa, ufa. Gente do bem, bacana, trabalhava num lugar que eu adoro, sempre tivemos um ótimo relacionamento - tudo em paz. NOT!
"Oi Miriane. Tudo bem? E as crianças, como vão?" e virando-se pra ele, manda "Você SABIA que ela tem dois filhos, né?"
"As crianças estão ótimas. E você, como vai?" eu tentei ser simpática, mas estranhava muito aquela atitude... Mas, vinha mais!
"Estou bem. Você NÃO ESTÁ MAIS EM JAÚ, né? Pra onde VOCÊS foram?", ela perguntou, parecendo interessada.
Eu achei que era tudo sóóóóó impressão da minha cabecinha (versão Pollyana mode on) e respondi, tranquila: "Não, não estou mais aqui (até porque ele JÁ sabia que eu não morava em Jaú). Arrumei trabalho em outra cidade e fui pra lá."
Daí pra frente, eu desacreditei do que aconteceu. Sei lá que bicho tinha mordido aquela menina, naquela noite, mas ela me vira do nada e manda:
"Você TAMBÉM está saindo com ele? Porque a gente tem um problema aqui... ele estava na minha casa, ontem à noite."
E eles começaram a bater boca. E todo o bar começou a olhar pra mim!!!
Tudo bem, tudo bem que eu JÁ tinha contado pra minha mãe (e, automaticamente, ela deve ter ligado pro meu pai assim que eu virei as costas), então não tinha nenhum problema se alguém comentasse com ela, no dia seguinte, "vi a Mirys, no lugar tal, com um moço". Mas daííííííí a ela ler uma manchete de jornal "Miriane se envolve em confusão em bar, sendo vítima de socos e pontapés, por invadir relacionamentos alheios. Ela permanece, em choque, no hospital local" era MUITO DIFERENTE!
A coisa começou a esquentar, o nível da conversa foi ladeira abaixo, não adiantou nada eu ter saído de perto pra ver se ele se resolvia com ela, que eu decidi ir embora. Afinal, aquele problema era DELE. Eu não tinha nada a ver com isso. Eu não era namorada dele, nem a gente tinha qualquer combinado sobre fidelidade. Mas era esquisito. ERA MUITO ESQUISITO! Depois de ter alguém que foi louco por mim, durante anos e anos, eu me dispor a entrar em briguinha de bar por um cara que eu conhecia há um mês, sobre o qual eu mal sabia, que podia ou não ter ficado com outra pessoa na noite anterior me parecia pequeno demais. Fora da realidade demais. Adolescente DEMAIS!
Não gritei (na verdade, mal falei), não entrei no meio deles, não fiz nada. Só peguei minha bolsa e disse "tchau fulano, é melhor eu ir embora". E fui pro carro. Ele veio atrás. Ela veio atrás dele, puxando a blusa dele (#vergonha alheia). Eu entrei no meu carro pra ir, ele pedia pra não ir, ela me mandava embora. Ele tentou entrar no meu carro, ela bateu a minha porta (oi????). Até que a coisa toda chegou num climax: "fulana, pare com isso. Eu não quero ficar com você. Eu quero ficar com a Miriane porque eu amo a Miriane. Miriane, eu te amo." PLIM! Tá bom pra você ou quer mais????
Depois de viver 15 anos com o seu namorado de faculdade, de casar com ele, de ter dois filhos dele, de viver uma vida de família feliz de comercial de margarina, de ouvir aquele "eu te amo" que vem cheio de significado, de história, de envolvimento, de sentimento, depois de ficar viúva e sofrer horrores por longos e intermináveis meses, depois de começar a ter esperanças de um dia, quem sabe, talvez, ter outra pessoa que gostasse de você "daquele jeito" pra vida toda... o meu primeiro "eu te amo" foi assim - num estacionamento de bar, numa briga entre dois ex-namorados, que podiam ou não ter tido uma sessão remember na noite anterior, falado pra outra mulher antes de ser falado pra mim.
Senta e ri, galera, porque, se você for pensar meeeeesmo, é triste. Então, melhor pensar que foi uma "confusão divertida" e rir... (se eu fosse carioca, soltaria um sonoro "MERMÃO", agora!)
Saí daquele lugar meio em transe. Sem saber o que pensar ou o que fazer. Eu fiz e refiz as contas: estou saindo com um cara que NÃO quer me namorar, num momento em que eu NÃO quero nada sério com ninguém, tem uma ex noiva na jogada dele, tem uma ex namorada maluca na jogada dele, não tem ninguém mais na minha jogada. E aí? Faço o que? Puxo a cordinha e peço pra descer desse ônibus??? Mas o moço disse que me amava! E amor, pra mim, é negócio sério. E aí???? Mas talvez ele tivesse saído com a ex, naquela semana. Talvez ele tivesse algo irresistível com ela. Talvez eles tivessem história. E eu não sou de ficar entrando na história de ninguém!!! Meus sais!!!
Eu não estava com ciúmes, eu não estava triste, eu não estava brava, eu não estava arrependida, eu não estava nada... eu estava CONFUSA. CON-FU-SA! Na verdade, SFANCOU - tudo beeeem embaralhado, assim, quase impossível de identificar e traduzir!
Era meia noite e eu decidi que não ia voltar pra casa dos meus pais. Logo hoje! Logo hoje que eu tinha acabado de contar pra minha mãe "tô saindo com um cara", eu ia chegar, com aquela cara de "ué" e dizer "não tô mais saindo com um cara"???? Comecei a rodar pela cidade, de carro, a esmo, sem saber o que fazer. Talvez tivesse ficado assim atéééé, sei lá, umas 6 hs da manhã do dia seguinte. Mas o celular apitou que tinha uma mensagem. Era da minha irmã (ela tem mania de fazer twitter pelo celular e manda mil mensagens, todo dia, contando todas as coisas dela - adoro!). Mas, antes da dela, tinham três mensagens não lidas. Do H.
Eu nem pensei se ele podia estar interessado em mim ou não, eu nem pensei que seria "usar" uma pessoa ligar pra ela só porque o seu outro programa tinha dado errado, eu nem pensei que eu poderia acabar envolvendo todo mundo na confusão... eu nem pensei. Nem por um minuto. A mensagem dizia: "e aí, o que vai fazer hoje? Quer tomar alguma coisa e conversar?". PERFEITO! Tudo o que eu mais queria era um amigo pra conversar e tomar alguma coisa e não pensar mais no que tinha acontecido.
"Oi H. Desculpa o horário. Só peguei suas mensagens, agora. E aí, tá na rua? Saiu com uma galera? Posso ir também?"
"Oi Mirys. Eu já tava voltando pra casa, mas se você quiser tomar algo..."
"EU QUERO!"
E fui me encontrar com ele...
Cenas do próximo capítulo aqui (daqui umas horinhas).
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8 comentários:
Que loucura mulher... kkk
Mirys, põe loucura nisso, que mulher barraqueira era essa??? Ainda bem que vc foi embora.
Estou louca pelas "cenas dos próximos capítulos", rsrsr
Bjos.
Puxa vida... comecei a ler o blog a uns 2 meses....e estou pasma com a sua história!!! Parabéns pela força, determinação!!!!! Pq até histórias com passagens tristes são lindas!!!!!
Adoro quando tem mais de um post por dia, ja to ansiosa! rs
Meus sais!!!!!
Pense numa pessoa confusa, sou eu kkkkk
Eu que a princípio achei que o garoto do interlúdio era o H, agora vejo que não, senhor dá uma luz.
Please, próximo capítulo urgente!!!!
beijos
Eu tb achei que era o H... mas já tinha percebido que não.
O melhor de tudo é saber que essa história tem final feliz e que vc Mirys está feliz.
...que não demorem as cenas dos próximos capítulos...... :-)
Nossa que loucura dessa mulher, mas ainda bem pq vc e o H trocaram mensagens..... quero ler mais!!!
Vixe Mary, ainda bem que a louca não era mais professora de nenhum dos seus filhos!!!! :((((((
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