Acabei, sem querer, voltando a ser a Miriane que eu sempre fui: de relacionamentos. Porque, no final das contas, aquele combinado de ser “só a pausa” um do outro, de se ver “quando desse”, não deu muito certo... A gente acabava se encontrando todo final de semana, o tempo todo.
As crianças começaram a se acostumar com o nome e a presença dele.
Minha família foi apresentada pra ele.
Já rolava uma interação.
Mas, nós estávamos firmes naquela decisão de “não sermos nada de concreto”. Complicado... Porque eu sou uma pessoa que GOSTA de se relacionar, que gosta de estar presente, que gosta de estar por perto, que gosta de pertencer. E, naquele relacionamento, eu não tinha nada daquilo. Só que eu ainda estava tão confusa, eu ainda me sentia casada por inúmeras vezes, que eu ia tocando o barco assim, sem reclamar, nem cobrar nada.
Até que o relacionamento começou a ficar complexo e confuso demais. Ele tinha ciúmes de mim – uma pessoa com quem ele não queria ter nada. Eu falava com ele todos os dias – uma pessoa com quem eu não queria ter nada. Os amigos dele me identificavam como “a namorada”, mas ele não. Os meus amigos esperavam por ele nos eventos, como se namorado fosse, mas eu dizia que não. Quão longe pode ir um relacionamento que é assim: tão diferente, na teoria e na prática?
E chegou janeiro. E, junto dele, mais um “aniversário” do acidente. E tudo fica tão confuso perto dessas datas... Até que, na véspera, eu conversei com o moço: não dava pra gente continuar como estávamos. Porque passar o dia 23 de janeiro acompanhada já seria “esquisito” (porque todos os primeiros acontecimentos, de qualquer coisa, depois de uma viuvez, são esquisitos). Passar o dia 23 de janeiro “ficando” com alguém que não queria FICAR comigo, era insuportável. Porque eu lembrava do Fer e da loucura que ele tinha por mim. Como eu poderia me satisfazer com menos do que aquilo?... Por que eu tinha que aceitar ter tão pouco envolvimento...
Assim, aconteceu o inevitável. Chegamos naquele ponto em que seria confuso, complicado, difícil, assustador, mas que a gente teria que decidir: ficamos juntos (e organizamos nossa vida, INCLUSIVE na cabeça das crianças) ou continuamos sozinhos. Ele escolheu voar solo. Eu escolhi aceitar.
Pois a vida já tinha provado pra mim que eu conseguia sobreviver. A tudo. E nada seria mais difícil do que o que eu já tinha passado. O mais importante, naquele momento, era respeitar a decisão de cada um e ficar tranquila com isso... Afinal, a vida era curta demais, boa demais, ampla demais, para se perder tempo reclamando.
Afinal, pra isso servem as pausas: pra você respirar, ter um tempo pra se reorganizar, levar a vida em stand by, ser feliz, recarregar as baterias e estar preparado para qualquer outra coisa que venha. Ele tinha sido muito importante pra mim, pra tudo isso. Mas se não queria ficar é porque não era isso que era pra acontecer...
Eu voltei pra “casa”, voltei pro meu casulo, voltei a viver em torno das crianças, durante uns dias. Afinal, era uma forma legítima de proteção, que eu já tinha usado antes: quando a SUA versão da vida está insuportável, mude o foco! E eu foquei no Guigo e na Nina. Mas mal sabia eu que já tinha uma surpresa me esperando, depois da próxima esquina....
Cenas do próximo capítulo aqui
4 comentários:
Uma pequena pausa na realidade. talvez para algo muuuuito melhor?? Espero de coracao que sim!
Ah que triste...
Mas bom ver como vc esta levando cada situação...
E qual sera a surpresa???
Suspense para o proximo capitulo..
Bjão
Fiquei triste com esse seu post, mas como vc mesmo mencionou que pra quem já sofreu e sobreviveu, passa por essa tb. Beijos.
É temos isso em comum quando a minha vida está insuportável mudo sempre, SEMPRE meu foco completamente para os meninos e esqueço completamente de mim, talvez seja errado mas é um alivio imediato.
Bjs e deixa eu correrrrrrr kkk
Bjs
Debby :)
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