segunda-feira, 16 de julho de 2012

Interlúdio 4 - o segundo ano (Diário da Mirys)

Apesar do choque pelo fato do primeiro ano NÃO TER TERMINADO COM UMA LINHA DE CHEGADA, que deixaria pra trás todo o meu sofrimento, eu toquei o barquinho e segui. Afinal, qual outra opção eu tinha???

Mas, fato é que, depois de um ano, você percebe que o pior, assim, daquele tipo insuportavelmente pior, já passou. Você sobreviveu. As crianças estão bem (suuuuper bem, graças a Deus), psicologica, emocional, mental e fisicamente (segundo vários profissionais de várias áreas diferentes). O resto da família vai muito bem, também. A vida seguiu, de forma suave e em paz, para um montão de gente que você ama (alguns casaram, outros tiveram filhos, outros realizaram sonhos). E eu estava genuinamente feliz por todos os outros! Comigo mesma eu não estava feliz: estava tranquila. Porque "ser feliz", de uma forma completa, era pedir demais pra mim mesma. Então, eu não pedia.

Ideia bárbara essa de dividir o tempo em pedaços (dias, meses e anos) porque você acaba dividindo a vida também. E acaba pensando que "aquela dor", aquele momento ruim, aquela confusão ficou em outro "pedaço". Ponto final! E isso já foi sentido logo no 1o mês do segundo ano.

Nada mais era novidade: eu já tinha passado por um Natal, um ano novo, uma páscoa, um dia dos pais, um dia dos namorados, um aniversário de casamento sozinha. Já tinha passado por um aniversário do Guigo, um da Helena, um meu e um dele, sozinha. Já tinha comparecido a um casamento, um nascimento, sem ele. Já tinha resolvido um problema do carro, um da casa, feito uma mudança (3, na verdade), iniciado um novo hobby, viajado pra longe e pra perto, frequentado uma nova igreja, sozinha.

Mas o grande "detalhe" é que eu não me SENTIA sozinha, no sentido de ser solteira, livre e solta, à procura de alguém. Eu pertencia ao Fer e ainda me sentia desleal se eu olhasse para o lado, eu ainda procurava a aliança na minha mão esquerda, eu ainda o chamava de "meu marido" e a mãe dele de "minha sogra" e o pai dele de "meu sogro", eu ainda fazia tudo igual antes. Só que SEM ELE. Único detalhe... sem ele... Então, eu percebi que o meu grande problema era que eu ainda me sentia CASADA. Assim: em letras garrafais, como eu tinha sido.

Era um problema do meu íntimo, eu sei... e que só eu podia resolver... e, durante muitos meses, eu não consegui. A ideia de olhar pra outra pessoa era inimaginável. Pra mim, internamente, era "traição". É incrível o que a morte faz com quem fica...

PS: por tudo isso, por ainda estar tão intenso, eu comecei a escrever a nossa história de "antes do acidente" - a saga Era Uma Vez...

Cenas do próximo capítulo aqui.

13 comentários:

Fabi Teixeira disse...

Mirys,
Há tempos fui apresentada ao Diário dos 3 Mosqueteiros pela amiga blogueira em comum Fernanda Reali. Desde lá, sempre que posso acompanho as histórias, me identifico muito, principalmente com as crianças.
Meu pai também era Fernando e partiu quando eu tinha 7 anos. Hoje já macaca velha rsrsrs(36) tenho minha "nova família" com duas fofas que amo muito.
Eu fico aqui lendo e me pego torcendo muito por vocês, para que dê tudo certo, que fiquem bem, que sejam felizes...
Beijo no coração... um abraço apertado pra vocês: Mirys, Guigo e Nina!

Alice Mânica disse...

Mirys,
Não sei se já falei isso antes... Se já falei, vou falar de novo, se não falei, vou falar agora: você é muito guerreira!
Eu te admiro demais, por ter passado por tudo que passou da maneira como passou. Não sei de onde você tira essa força toda, mulher, pra estar aí pros seus filhotes, pra sua família, pro seu trabalho... acho que compartimentar a vida deve ter ajudado, né?
Mas o que admiro mesmo é você dedicar tempo pra escrever sua história de uma maneira que ajude tantas pessoas. Sim, eu sei que o blog é mais pra vc mesma e suas pessoas mais próximas, mas mesmo que não seja sua intenção você influencia um número enorme de vidas com a sua demonstração de força e coragem.
Nunca passei por algo parecido com a sua história, então não posso nem dizer que sei como vc se sente. Mas pela maneira que vc escreve dá pra te entender, compreender sua dor, suas dúvidas, seus medos. E isso me faz me sentir perto de você, mesmo que a gente nunca tenha nem se encontrado.
O que virá pela frente?!
Beijos com carinho!

Nana disse...

Essa saga é minha parte favorita no seu blog. Bj e fk c Deus.

Unknown disse...

Agora vc pode começar outra história, estou curiosa para saber!!!
Bjos
Ana

Anônimo disse...

Guerreira lindona.
Tenho certeza da sua felicidade plena
novamente.
Você é especial.
Fiquem com Deus.
Beijos
Silvia

Anônimo disse...

Mirys, tenho acompanhado o blog, já há algum tempo. Posso te dizer que quanto mais eu leio, mais admiro seu modo de conduzir as situações. Quanto respeito aos seus familiares, amigos.....
Quanto amor você transmite! Amor de Deus!!
Desejo que a cada dia, você tenha a força necessária para seguir em frente... seja feliz...
Um grande abraço
Vera

Jaque Cabral disse...

Hoje de manhã, estava pesquisando algo totalmente diferente na internet e encontrei seu blog por um acaso, por volta de 8h da manhã. Pois bem, fiquei até 12:30h lendo tudo...estou realmente impactada, voltei pra casa (estava no estágio) andando e refletindo sobre tudo o que vc viveu. Hoje eu cresci e aprendi muito com vc, obrigada! Não sei se entendi errado, mas... vc não vai mais continuar a série 'era uma vez'? Um super abraço, Jaque.

Debby disse...

Uauuu
Mirys admiração é pouco e você já sabe que sinto por você faz tempo.
Mas você é uma lição de vida sabia?

Beijos grandes e que Deus continue iluminando a você e a sua familia.
sempre...sempre
Bjs
Debby :)

Claudia disse...

É assim né Mirys a gente continua fazendo tudo igual, se sente casada, chama os pais dele de sogro e sogra... mas vejo que vc está escrevendo uma nova história e estou torcendo e muito por vc. E por favor não deixe de continuar a escrever aqui a sua história, pq para mim é importante acompanhar alguém que viveu a mesma tragédia que eu vivi e vivo. Beijos.

Haydil disse...

Mirys, você me parece tão plena e pronta para viver, uma fortaleza feita de cristal que por mais trincados que possua não quebra e está sempre brilhante! Beijos e desejo para você: borboletas.

Renata Marques disse...

Sabe que não existe ex-sogra nem ex-sogro? Mesmo que haja divórcio os pais do cônjuge não viram ex, tanto é que não há casamentos entre "ex" sogros com "ex" noras ou genros. Então acho que esse laço pode continuar sem precisar mudar o nome.
A saga Era uma Vez me emocionou, gostei de ler ainda mais sabendo que não foi algo imaginado, mas foi algo vivido (mas já tinha dito isso né?).

diana disse...

oi Mirys

Assim como vc fiquei viuva aos 28 anos e com um filho pequeno, hoje faz 1ano e 7 meses e a sensação minha é igualzinha a sua, tudo parece que repentinamente volta aquele começo, continuando chamando meu sogro como tal, irmãos de dele como cunhado,e por aí vai...mas dentro de mim há uma vontade de amar novamente e isso surgiu faz pouco tempo...acredito que se continuamos vivas, e Deus escolheu a gente para ficar, é porque algo maravilhoso nos espera, portanto siga do jeito que vc continua ...firme

bjus, sempre acompanhei seu blog que me ajudou muito

Diana

Anônimo disse...

Só queria que soubesse que você "continua Linda".

Por fora sempre foi, por dentro cada dia mais.

SEJA FELIZ!!!!!

Ass: "GHOST"