E lá estava eu: há um ano e meio de distância do dia mais difícil da minha vida. Eu tinha vivido conforme eu me propus, na manhã seguinte: um dia depois do outro. Devagarinho. Sem grandes planos. Pois eu não suportaria que qualquer outro plano fosse quebrado. Aquele, só aquele já era demais pra mim!
Eu ainda me lembrava, certinho, do meu "presente de aniversário" de 35 anos: aprovação no exame médico, do concurso público que eu tinha prestado três anos antes. O telegrama me chamando para o cargo tinha sido um presente de casamento (em outubro de 2009). A resposta médica, com aquela palavra "APTA", em letras garrafais, no papel da minha mão, era o meu presente de aniversário (em novembro de 2009). Lembro-me de ter respondido assim a vários torpedos que recebi naquele dia: "35 anos! Apta e FELIZ!!!"
Em dezembro, o Guigo se formou, na pré escola e, no dia seguinte, eu comecei a trabalhar em Ituverava. Eu estava realizada em todos os sentidos!!!
Se antes eu reclamava com o Fer que "a gente tinha tudo, só faltava ter um pouco menos de sufoco financeiro" (ai como era dura aquela vida de dois advogados autônomos, com duas crianças pequenas pra criar), agora, não faltava nada! O salário não era nada monstruoso, mas era CERTO. Vinha todo final de mês. Sem desesperos pras contas mais básicas fecharem. E, em dezembro de 2009, eu fiz o que sempre adorei fazer mas não podia mais, por longos anos: comprei um presentinho pra cada um da minha família (inclusive a do coração), no Natal!
Um mês depois, o acidente. Um mês depois, a mudança de status para viúva. Um mês depois, o baque. Um mês depois, ficava provado e óbvio pra mim que o mais importante não era ter o emprego, o salário, a tranquilidade que ele trazia, o filho formado na escola, os meus sonhos (materiais) que começavam a sair do papel. O mais importante eram as pessoas. E eu não tinha mais a pessoa que eu tinha escolhido pra mim, do meu lado...
Junto com o Fer, morreram meus planos de sermos (apenas) uma família de 4, de viajarmos pra lugares novos, de mostrarmos Paris pras crianças, de ensinarmos música e inglês no dia-a-dia, de envelhecer de mãos dadas. Junto com ele, uma parte de mim morreu, também...me deixando vazia, perdida, sozinha por longos meses...
E eu me agarrei com todas as forças às partes que tinham sobrado: a Miriane filha, a Miriane mãe (de duas crianças de 3 e 5 anos), a Miriane amiga dos outros, a Miriane nora, a Miriane neta. Eu escolhi que fosse assim. Que as minhas facetas que se relacionavam com outras pessoas ficassem. A profissional, a professora (mesmo que voluntária), a estudante, essas todas foram colocadas numa gavetinha, por um tempo, até que eu conseguisse pensar nelas, de novo.
E a Miriane mulher foi pra última gaveta do armário. Aquela que emperra pra abrir. Aquela que tem chave. Aquela inacessível. Aquela que você nem lembra que existe porque pouco usa... Não foi de propósito, foi automático. Instintivo, até. Mas, agora, já tinham se passado longos 18 meses... mais de 540 dias... mais de 540 noites sozinha... e a situação começou a me incomodar.
Só que gavetas emperradas são difíceis de abrir...
Cenas dos próximos capítulos aqui.
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quinta-feira, 12 de julho de 2012
Interlúdio 2 - sobre gavetas... (Diário da Mirys)
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sexta-feira, 20 de maio de 2011
Com quantos reais se faz uma casa nova (Diário do Guigo)
Já que a gente vai ficar por aqui, mesmo, mãmi começou a procurar casas pra comprar. Gostou muito de uma. E nos levou pra conhecer.
Casa decorada, COM VIDEO GAME E LOUSINHA para crianças. C-l-a-r-o que a gente adorou!!!! E a conversa no carro foi assim:
Guigo "- Mãmi, quanto custa uma casa?"
Mãmi "- Custa bastante, filho."
Guigo "-Mas... quanto, mãmi."
Mãmi "- Bastante. BAstante mesmo, filho. Porque ela é permanente."
Nina "- O que é permanente?"
Mãmi "- É o que fica pra sempre."
Nina (fofura numero 1) "- Então, você é minha mãe permanente!" + sorrisão
Guigo "- Mãmi, mas quanto custo ESSA 'nossa' casa?"
Mãmi, desistindo de ser vaga "- 200, filhote."
Guigo "- 200? Eu tenho 200, lá no meu 'tesouro' (cofrinho), em Bauru."
Mãmi "- Nâo 200 reais, filho. 200 mil..."
Guigo frustrado... "- Ah!..."
Guigo preocupado "- Mas, você tem esse dinheiro todo, mãe?"
Mãmi "- Filhote, eu vou trabalhar bastante e vou ganhar esse dinheiro, está bem?"
Em casa, assistindo à TV, passou um comercial onde uma criança é convidada a aparecer num gibi que a gente ama e a mãe "ganharia" mil reais.
Guigo "- Pronto, mãe! Manda uma foto nossa pro Maurício!"
Mãmi "- ??????????"
Guigo (fofura número 2) "- É mãmi, manda nossa foto pra lá, a gente aparece na revistinha e você ganha mil. Daí, você pega os meus 200 e compra a casa! E não precisa trabalhar demais!!!"
Na minha cabeça, a matemática é simples: 200 meus + mil da promoção = 200 mil pra comprar a casa!!!!
Mãmi "- Obrigada, filhote. É muito gentil, isso. Mas... daí você vai ficar sem dinheiro nenhum..."
Guigo "- Mas, daí, você não precisa trabalhar muito!"
Mãmi "- Mas, você não queria fazer alguma coisa pra você, com o seu tesouro?"
Guigo (fofura número 3) "- Eu queria comprar uma Ferrari! (sorrisão) Mas, tudo bem: eu prefiro dar pra você e você ficar mais com a gente. (mão na cintura, cara de esperto e sorriso maroto)"
PS da mãmi: POR QUE ELES CRESCEM????????? ALGUÉM ME EXPLICA POR QUE ISSO TEM QUE ACONTECER????????
Casa decorada, COM VIDEO GAME E LOUSINHA para crianças. C-l-a-r-o que a gente adorou!!!! E a conversa no carro foi assim:
Guigo "- Mãmi, quanto custa uma casa?"
Mãmi "- Custa bastante, filho."
Guigo "-Mas... quanto, mãmi."
Mãmi "- Bastante. BAstante mesmo, filho. Porque ela é permanente."
Nina "- O que é permanente?"
Mãmi "- É o que fica pra sempre."
Nina (fofura numero 1) "- Então, você é minha mãe permanente!" + sorrisão
Guigo "- Mãmi, mas quanto custo ESSA 'nossa' casa?"
Mãmi, desistindo de ser vaga "- 200, filhote."
Guigo "- 200? Eu tenho 200, lá no meu 'tesouro' (cofrinho), em Bauru."
Mãmi "- Nâo 200 reais, filho. 200 mil..."
Guigo frustrado... "- Ah!..."
Guigo preocupado "- Mas, você tem esse dinheiro todo, mãe?"
Mãmi "- Filhote, eu vou trabalhar bastante e vou ganhar esse dinheiro, está bem?"
Em casa, assistindo à TV, passou um comercial onde uma criança é convidada a aparecer num gibi que a gente ama e a mãe "ganharia" mil reais.
Guigo "- Pronto, mãe! Manda uma foto nossa pro Maurício!"
Mãmi "- ??????????"
Guigo (fofura número 2) "- É mãmi, manda nossa foto pra lá, a gente aparece na revistinha e você ganha mil. Daí, você pega os meus 200 e compra a casa! E não precisa trabalhar demais!!!"
Na minha cabeça, a matemática é simples: 200 meus + mil da promoção = 200 mil pra comprar a casa!!!!
Mãmi "- Obrigada, filhote. É muito gentil, isso. Mas... daí você vai ficar sem dinheiro nenhum..."
Guigo "- Mas, daí, você não precisa trabalhar muito!"
Mãmi "- Mas, você não queria fazer alguma coisa pra você, com o seu tesouro?"
Guigo (fofura número 3) "- Eu queria comprar uma Ferrari! (sorrisão) Mas, tudo bem: eu prefiro dar pra você e você ficar mais com a gente. (mão na cintura, cara de esperto e sorriso maroto)"
PS da mãmi: POR QUE ELES CRESCEM????????? ALGUÉM ME EXPLICA POR QUE ISSO TEM QUE ACONTECER????????
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