segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Hora H 26 - um tempo (Diário da Mirys)

Acabou o retiro, minhas mini férias em fevereiro, e eu voltei pra casa e pra rotina. Quarta-feira, tinha trabalho me esperando, malas pra desfazer, presentes pra embrulhar, casa pra organizar, livros pra ler (sempre compro muuuuuitos livros, lá em Atibaia). Além disso tudo, eu tinha muita coisa pra pensar.

A sensação que eu tinha era a de que eu estava pedindo pra vida começar, de novo, há muuuuuuuuuuuuito tempo... "vida, começa?", "vida, vamos tocar o barquinho adiante e parar com essa vida de viúva?", "vida, vamos mexer o doce?", "vida, dá pra acelerar um pouquinho nessa fase e entrar logo na próxima?", "vida, co-me-ce!!!!!"... mas, quando a vida veio e respondeu "vamos lá, Miriane, vamos viver uma nova história e começar a construir tudo de novo", eu gritei "mas JÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ??????????".

Tudo bem que eu não veria o H antes do final de semana (o que me dava 3 dias, pra pensar o que eu quisesse, pra decidir o que achasse melhor, pra mudar de opinião, pra ter uma surpresa inesperada). Só que aquela minha confusão toda, me deixava pensando que 3 dias era um tempico de nada! Pra ele, era tempo demais. Eu estava numa sintonia. Ele estava anos luz na minha frente! Eu estava encantada. Ele estava apaixonado. Tenho certeza de que se os papéis tivessem sido trocados, nada de concreto iria acontecer... porque meninas (do meu tipo) esperam e caras (principalmente os do tipo do H) dão o primeiro passo. E o 2o. E o 3o. E o 4o. E o 41o! Se o cara estiver realmente interessado, ele manda tudo pro espaço e corre uma légua inteira!!! Ele dá todos os passos que você precisar que ele dê.

Me perdoem, vocês, se me acharem repetitiva ou cansativa ou adolescente (ou maluca) demais, mas eu estava super indecisa, ainda. Porque namorar / ficar / sair com o H não era, simplesmente, só uma moça saindo com um cara e torcendo para que isso virasse alguma coisa, num futuro distante, que, talvez, um dia, a gente fosse programar. Não dava pra ser tão leve, tranquilo e descompromissado assim. Eu já tinha tentado isso: a falta de compromisso e de envolvimento, e não tinha dado certo. Por um simples detalhe: eu não era uma "moça" qualquer. Eu era um "pacote completo": era viúva, com duas crianças pequenas na bagagem, sogra, sogro, cunhado e toda uma família que fazia parte da minha vida, pra sempre. Eu tinha vivido coisas (boas e ruins) que a maioria das pessoas não vive! Eu tinha mudado... eu nem era mais a Miriane que eu tinha sido antes do acidente...

Mas, nisso tudo, no meio de todas essas pessoas, duas me preocupavam mais - o Guigo e a Nina. Aquelas que faziam orações e mandavam beijos pra Deus entregar "pro papai que mora aí no céu, com você", aquelas que tinham sido minha primeira (e única) opção por anos, aquelas que faziam presentes e desenhos pra mim - no Dia dos Pais, aquelas que já tinham se acostumado a responder, quando os outros perguntavam, que o pai delas tinha morrido e que, agora, eles só tinham mãe. Eu já tinha passado com os dois por 3 psicólogas diferentes (porque nós mudamos de cidade algumas vezes e toda escola nova, quando sabia da nossa história, pedia para avalia-los) e, EM TODAS AS VEZES, recebi retornos muito incentivadores e que derretiam meu coração: eles eram crianças perfeitamente saudáveis e ajustadas, eles não tinham trauma algum, eles estavam muitíssimo bem. A última delas, até chegou a brincar comigo, dizendo "não sei que milagre você fez com esses pequenos, mas eles são umas das crianças mais emocionalmente saudáveis que eu já conheci!". Eu também não sabia o milagre... mas eu queria continuar fazendo.

E me perguntava qual o impacto que um "namorado da mamãe" teria na vida deles. Seria alguém que "roubaria meu tempo"? Seria um novo amigo? Seria um delícia recebe-lo em casa e na nossa vida, como com todos os novos amigos que nós tínhamos feito, nos últimos tempos? Será que eles responderiam, tranquilamente, pros amiguinhos "esse é o namorado da minha mãe" da mesma forma que contavam, tranquilos, sobre o pai? Ou será que achariam estranho porque a mãe de nenhum amigo namorava, só a deles?

Na quinta, à noite, o H percebeu que eu estava muito esquisita, na troca de torpedos. Eu estava confusa, aflita, encanada...e ele percebeu. Então, resolveu me ligar. E eu contei tudo. Despejei, mesmo! Eu sabia que seria a gota d´água, mas era coisa demais pra guardar pra mim. Falei do Fernando, falei do "não namorado", falei das minhas decepções, falei das crianças, falei dos meus traumas, falei do pedido do Guigo para que eu não tivesse namorados (feito há meses atrás)... fui falando, fui falando, fui falando tudo o que se passava na minha cabeça, sem esperar que ele entendesse ou aceitasse. Porque quase ninguém entendia (salvo poucas amigas que já tinham passado pelos mesmos problemas e dores), mesmo...

"Mirys, você está confusa e indecisa demais. Você está triste, mas quer ficar sozinha. Eu não consigo te ajudar a se decidir e, de longe, não consigo te mostrar que pode ser tudo diferente, agora. Eu loto a sua caixa postal com mensagens e não sei se isso está te fazendo bem ou mal. Você precisa de espaço... Quanto a mim, eu já te falei e repeti que eu quero namorar com você, te ajudar com as crianças, enfrentar o que preciso for. Mas, você ainda não sabe se sim ou se não. Se arrisca comigo, se tenta outra pessoa ou se deixa pra lá. E eu acabo me machucando, no meio disso tudo. Mirys, eu precisa te dar espaço e deixar você decidir... Então, eu não vou mais te procurar, está bem? Eu vou te deixar fazer as coisas no seu ritmo, no seu tempo, antes que acabe sendo pior pra nós dois. Só não ache que eu desisti de você, está bem? Eu estou fazendo isso POR você. E pra não me machucar ainda mais..."

E o meu celular parou de avisar que tinha uma mensagem nova a cada 5 minutos...
E não tocou mais...
E eu fiquei com uma sensação de vazio tão grande... de que faltava algo... de que faltava alguém...

Mas, naquela noite, tudo o que eu consegui fazer foi chorar, chorar, chorar... Até a manhã seguinte.

Cenas do próximo capítulo, aqui.

7 comentários:

Morena disse...

AIIIIIIIIIIII que coisa fofa esse H!!! Um homem super completo e beem o que vc precisava né?!?

Beijos saltitantes
Boa semana a todos!

Anônimo disse...


Sofro junto.
abração.
Odila

Unknown disse...

Ai que lindo! Quero mais =)
Beijos

Flavia disse...

Vai dar tempo de terminar os capítulos até o fim do ano?? Ô curiosidade... Beijos, prima Flavia.

Claudia disse...

Lendo o teu post fiquei lembrando quando levava minha filha para as psicologas e elas me diziam que quem precisava de tratamento era eu, que ela estava muito bem emocionalmente e eu... nem preciso comentar.... eu tb tenho um monte de encanações e sei que se eu for me envolver com alguém, acho que vou ser beeemmmmm pior que vc...
Aguardando os próximos capítulos, bjos.

Regiane disse...

Meu Deus, eu achando que ía ganhar o tão esperado beijo, rsrsrs.

Que lindo que ele entendeu, e acho que ele não aguentou e retornou as mensagens, kkk;;

Aguardamos os próximos capitulos.

Thais Markevich disse...

Que triste, Mi!!!! Ah, fiquei triste também!!! :((((((((((((
Eu sei que o final é feliz, mas o seu texto é tão intenso!!!