Tem sido assim: altos e baixos. Nem tão altos, assim... mas baixíssimos, de vez em quando. E, de vez em sempre, tenho uma "crise de confiança em mim mesma". Nem gosto de ficar falando porque, às vezes, quero só desabafar e fica parecendo que estou pedindo comentários elogiosos das pessoas. Não estou!
Eu estou (estava mais, antes) insegura sobre o modo como criar as crianças. Estou impaciente quanto à resolução de alguns problemas que, no fundo, eu sei, podem ficar pra amanhã. Estou meio "bichinha do mato", querendo me esconder de tudo e de todos porque muitos ainda olham pra mim com aquela cara de "coitadinha dessa menina...". E, nas minhas piores horas, fico mega insegura comigo mesma...e tenho minhas crises de "será que estou bonita?" "será que esta roupa está boa?" "será que essa minha conversa sobre política/viagens/fotografia/comidas/tempo está interessante?"
E nessas horas sempre alguém diz "nossa, está bonita hoje!", "adorei saber dessa viagem pra Paris, que delícia", "seu cabelo ficou ótimo assim!!!", "você tem umas ideias ótimas sobre X assunto! Adoro conversar com você!" e 99% das vezes é uma MULHER!!! ARGH!!!!!!!!!!!!!!!!!! Meus sais!!! Será que desapareci pro universo masculino???????
Dizem que as mulheres se arrumam para outras mulheres... mentira! Pelo menos, nessa minha atual fase, eu acho que é a mais pura e deslavada mentira!!! É claro que um elogio é sempre bom, não importa a fonte. Até se aquele ex-namorado feinho, feinho (aliás, por que você namorou com ele???), que você detesta, ou aquela colega de trabalho que é muuuuuuuuuuuuuitoooooooo chata te fizer um comentário elogioso vai fazer um bem danado pro seu ego. Normal. Somos humanos! Mas não era da sua colega que você esperava elogios e sim do seu marido / namorado / ficante / amigO / chefe (meninos, coloquem tudo no feminino) ou de qualquer ser do outro sexo oposto!!!
Só assim pra você se sentir interessante... tendo um mínimo de chances de alguém ter feito tal elogio com um pingo (uma gotinha, mesmo, que seja) de 2as intenções... Por isso é que o elogio de mãe, nessa hora, não vale. Se te pegar de "mau humor" ou em crise, então... qualquer palavra de uma pessoa do mesmo sexo que você fica parecendo aquelas coisas de tias de 1900, que chegavam bem perto, agarravam na bochecha, balançavam a cara do pobre sobrinho de lá pra cá e diziam: "tá tãããão bonitinho, tããão gordinho, cresceu tanto! Parece um mocinho!". Só que eu não tenho 5 anos!!!
Não que eu esteja interessada em alguém em especial. Não é isso. Nem sei se estaria preparada pra qualquer coisa nesse sentido. Só queria ser notada e não "passar pela multidão" como se estivesse com um véu negro e grosso, da cabeça aos pés, ou um luminoso, em neon, piscando loucamente sobre a minha cabeça: "viúva. Mantenha distância!"
Parece loucura... eu sei.
Dizem que é normal uma viúva "precoce" se sentir assim, como um tapete... eu não sei! Nunca fui viúva antes e confesso que o aprendizado é doloroso.
O que eu sei é que tenho AMIGAS BÁRBARAS e uma delas me apresentou à perfeita solução: um universo paralelo. A gente lá, no meio de uma conversa empolgadíssima (sobre elas, é claro, porque eu não teria nada assim super empolgante pra contar nesse aspecto e "yuhuu! Dormi no meio do Guigo e da Helena, ontem à noite!" não é algo que vá render muitos comentários) e ela diz: "num universo paralelo, isso seria bem legal" e eu pensei "BRILHANTE"!!!
Um universo paralelo seria um lugar imaginário onde você pudesse viver outras coisas e descobrir como iria se sentir. Daí (hipoteticamente falando, é claro! Eu ainda não endoideci de vez!), você poderia voltar para a realidade e efetivamente realizar aquelas coisas que você viu que deram certo no outro lugar (e deixar as coisas que deram errado lá nesse mundo imaginário, mesmo!). No universo paralelo, você poderia ser atriz, artista de circo, viver uma vida emocionante, adotar 10 filhos, tirar um ano para viajar (sem acabar o seu dinheiro), morar em Paris, beijar aquela pessoa que você morre de vontade de beijar mesmo e... plim! Voltar pra cá. Intacta. Se algo no mundo à parte desse certo, você... plim! (de novo), aplicava na vida real. Gostou de morar em Paris??? Plim! Muda pra lá! Ser atriz e morar em Hollywood é o seu negócio? Plim! Larga seu emprego de enfermeira de asilo e compra as passagens pros EUA. Aquele beijo foi muito bom? Plim! Tome uma atitude na vida real!
Fantástico, não???
Então, desde a nossa conversa, adotei o universo paralelo na minha vida!!! E está super divertido!!! Lá eu já estou morando em Paris, mesmo, não trabalho e vivo de ler livros e escrever (olha aí que sensacional esse universo! Não falei???). Lá eu já recebi telefonemas no meio da noite só pra ouvir meu "alô", mensagens anônimas no blog (é, também tenho o blog por lá!) e uma ou duas declarações de amor, ao vivo. Ou seja: lá, a Miriane ainda existe desse outro jeitinho pré-viuvez, pré-Fernando, pré-muitas-coisas. E sempre que eu me sinto muuuuitoo mal por aqui, como uma velhinha de uns 90 anos que ninguém vai olhar e se interessar mesmo, eu me transporto pra lá. Simples, rápido, indolor.
Por isso, se você olhar pra mim, numa hora dessas e eu estiver "olhando pro nada" ou "rindo a toa", saiba que eu estava mal, muito mal... mas já fui dar uma voltinha no universo paralelo!!! Considere como se tivesse uma outra plaquinha pendurada no meu pescoço: "Fechado para almoço. Volto já!"
OBS: mãe, tias, irmãs, amigas, primas - vocês são bárbaras e eu amo a cada uma, do fundo do meu coração!!! Obrigada me lembrarem, constantemente, que eu ainda "estou aqui" e por terem ideias tão malucas e especiais como esta que, às vezes, salvam minha pacata vidinha. Espero que não se importem sobre o que eu disse dos seus comentários...a-do-ro seus elogios, mas vocês não vão querer namorar comigo mais tarde, né? Então, não contam. Espero que entendam...