segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Orações (Diario da Nina)


Ituverava, 22 de fevereiro de 2010.

Bom dia, galera! (depois do pápa e da mãma muito insistirem, agora, eu consigo falar “galera” certinho!)

Desde pequenininhos (claro, porque nós já somos grandes! Lembramos a mamãe disso a toda hora), nós fazemos orações. Pelo menos, três por dia: no almoço, na janta e na hora de dormir. No mínimo!!!

Geralmente, as minhas orações eram assim: “papai do céu, obrigada por esse dia, pela nossa família, pela comida. Em nome de Jesus, amém.”

As do Guigo são bem mais evoluídas: ele pede pelo “planeta” (será que ele sabe o que é?), pelas pessoas da Arábia, pelos insetos (depende do que ele estiver estudando na escola! Rsrsrs) , pelos amigos fulano e beltrano, pelos brinquedos. Só quando ele tá com preguiça que a nossa oração fica parecida.

Mas, faz um mês, mais ou menos, que eu mudei minha oração da hora de dormir. Depois que a mãma conta as histórias, ela apaga a luz e cada um faz uma oração. A minha tinha aumentado um pouquinho e ficado mais ou menos assim: “papai do céu, obrigada por esse dia, pela nossa família, pela comida. ‘Faz’ que a gente morra logo para ir morar aí no céu, com você e o papai. Em nome de Jesus, amém.”

A mãma nunca brigou comigo, nem questionou, até porque não faço oração triste: eu faço alegre, falo amém, dou um sorriso, um beijo na mamãe e me viro para dormir. Para mim não é problema nenhum eu querer que a gente fique todo mundo junto, de novo. E a mamãe acha importante a gente dizer o que sente (mesmo que ELA não goste).

Mas ontem, para a alegria da mãma, eu parei na porta do quarto e disse: “-mãma, eu não quero morrer, não. Quero ficar A-QUI” (e apontei para o chão). A mãma acha que é porque eu gosto muito (demais mesmo) da tia Lilla e ela disse que ela não quer morrer, que ela quer ficar aqui comigo, com o tio Jú, com o Guigo, com todo mundo. Que um dia, quando Deus decidir, a gente já vai morar no céu, mesmo, pra sempre (mais ou menos a mesma coisa que a mamãe fala), então, que ela queria ficar por aqui, agora, morando com tudo mundo. Então, eu decidi que também quero ficar aqui.

E deixei a mãma numa sinuca de bico: ela não quer vibrar para não parecer que era errado eu querer ir morar com o papai ou com Deus; ela não quer fingir que não escutou, porque adorou a minha mudança; ela não quer ficar brava ou triste, até porque ela sabe que querer ficar não é gostar menos do pápa. Então, ela teve uma boa idéia (minha mãma é bem boa, às vezes!).

O Guigo orou (pelo planeta, por todas as pessoas da família nominalmente, pelos bichos que ele conseguiu se lembrar...). Eu orei e disse que não queria mais morrer, não, que queria ficar aqui. E a mãma, para não deixar a gente “esquecer” do pápa (que, afinal, continua no céu, longe de nós), orou: “papai do céu, obrigada..... (por várias coisas). E, por favor, manda um beijo pro papai, que mora aí com você. Em nome de Jesus, amém”.

Agora, essa virou a oração da nossa família de 3: agradecemos por várias coisas, pedimos o que desejamos, e mandamos um beijo para o papai, pedindo para Deus entregar. Nós ficamos felizes e lembramos dele, todo dia. Ele fica feliz, porque mandamos nossos beijos. Questão resolvida!!!

Bjos e bençãos.

Nina + Guigo + mãma

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Códigos familiares (Diário da Nina)

São Paulo, 11 de fevereiro de 2010.


“Eu já te disse que eu te amo, hoje? Não? Mas, eu te amo!!!” Essa é uma das frases da nossa família, que falamos, frequentemente, uns para os outros. E, como essa, temos outras tantas. São nossos “códigos familiares”... frases, apelidos, atitudes, coisas que só fazem sentido completo dentro do nosso contexto... mas que a mamãe insiste em dividir com vocês! Quem sabe alguém não empolgue e nos conte um de seus códigos, também?

Alguns deles podem ser facilmente entendidos, mas outros não! Uns têm rima, outros são engraçados, mas todos fazem a nossa historinha.

A tia Lila, por exemplo, agora está com um novo código, dela + meu + do Guigo. Sempre que ela chega perto de nós, ela diz: “bom dia! Você já beijou a sua tia?” e traz a bochecha pra perto de nós, esperando pelos beijos.

Falando em beijos, temos na família o nosso famoso “ataque de beijos”. Quando eu, a mãma, o papa ou o Guigo estamos mal humorados ou tristes e aquele que está bem quer quebrar o clima ruim, ele diz: “ataque de beijos” e sai beijando o tristinho!!! Não tem como não melhorar, né?

Também temos nosso não menos famoso “abraço de família”. Uma vez por dia (pelo menos!), a mãma fala “abraço de famíííília” e todo mundo que estiver perto (tias, tios, primos, vovôs, ou só nós 4) se abraça e cai na gargalhada! Pelo menos, todo mundo sorri. Já é uma melhora no dia, certo?!

Só mais uma: toda vez que minha mama fala com o vovô Nono, no celular, só o chama de paizinho. Um dos dois liga; ela diz: “oi paizinho” e ele diz “bon giorno principesa!”. Toda vez é a mesma coisa!

Hoje, eu e o vovô Nono resolvemos enganar a mama. PS: eu a-do-ro isso!!! Nós ligamos pra ela e ela disse: “oi paizinho”. Então, EU berrei “bon giorno principesa!!!” Virei pro vovô e perguntei: “falei certo?”. A mama, que ouvia tudo do outro lado da linha, ganhou o dia dela!!! Foi pro curso feliz, feliz, feliz... Valeu vovô!

Bjos e bençãos

Nina + Guigo + mãma

PS: tio Dario (italiano legítimo), perdoe-me se não escrevi certo o "bom dia" do vovô... é que eu sou muito novinha para escrever em outra língua, né? Beijos g_______ (essa palavra é mais um código familiar... meu e do meu tio Dario. Ele vai saber...)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Dez dias (Diário da Mirys)


(texto em português, abaixo)

São Paulo, February 2, 2010.

Dear Friends,

I did the math: 10 days. It has been 10 days since you gave me one of the greatest proofs of friendship I could ever experienced - you came, you called and sent me messages to share with me my pain. To each and every one of you, my most intense THANK YOU!

Since that Saturday night (that does not go out of my head ...) until now, many things have happened. Good stuff! Daily doses of love and caring and understanding, came from family, friends, people I did not know, God. And I decided it was worth writing, at least to leave my story to the children registered, so they can know the full story of our family one day. Our family, made our way, with our little rules, with our joys and sorrows. So, I ask you all permission to continue to send you the "Diary of Guigo" and "Diary of Nina," telling the adventures and misadventures of that child's world (in which I am wonderfully immersed in the past 5 years).

Some may wonder: why write to friends? Does someone need to read? My dear friends: to write was not enough, I had to share with you ... as I have been doing for years, when I use some time of my day to update you with the "diaries" of my children ...

First of all because, every day, God cares for us and has shown us His unconditional love, His kindness in preparing special days and very special people to put in our way. As unbelievable as it may seem. And that can not be kept just for me! It is not the kind of thing you write for no one to read, or the kind of thing you hide in the drawer! Even in the middle of all this turmoil, God has given me clear demonstrations of His protection and care, day after day. And I needed to share this with you to be sure that no matter how big is your suffering, or how your life may seem inconsistent at some point, He is there, every minute, loving and caring!

Second of all, I wanted to write our story because, in the texts, the moments are recorded forever, love exists for always, people do not die ...

Kisses and blessings!
Mirys


São Paulo, 02 de fevereiro de 2010.

Queridos Amigos,


Fiz as contas: 10 dias. Faz 10 dias que vocês me deram uma das maiores provas de amizade que eu poderia ter experimentado – vieram, ligaram e mandaram mensagens para dividir comigo minha dor. A todos e cada um de vocês, o meu muito, muito, muito obrigada!

Desde aquela noite de sábado (que não sai da minha cabeça...) até agora, aconteceram muitas coisas. Coisas boas! Doses diárias de amor e carinho, compreensão e cuidado, vindas da família, dos amigos, de pessoas que eu não conhecia, de Deus. E eu decidi que valia a pena escrever, até mesmo para deixar a minha história e as das crianças registradas, para que elas possam, um dia, conhecer toda a história da nossa família. A nossa família: feita do nosso jeito, com as nossas regrinhas, com as nossas alegrias e tristezas. Por isso, peço licença a todos vocês para continuar a lhes enviar os “Diário do Guigo” e “Diário da Nina”, contando as aventuras e desventuras desse mundo infantil (no qual estou maravilhosamente imersa, nos últimos 5 anos).

Alguns podem se perguntar: para que escrever para os amigos? Alguém precisa ler? Queridos, não bastaria escrever, eu tinha que dividir com vocês...como venho fazendo há anos, sempre que separo um tempinho para atualizá-los com os “diários” das crianças...

Primeiro porque, por mais inacreditável que possa parecer, a cada dia, Deus tem cuidado de nós e nos mostrado seu amor incondicional, seu carinho em nos preparar dias especiais, em colocar pessoas especialíssimas em nosso caminho. E isso não se guarda só para si! Não se escreve para ninguém ler, não se esconde na gaveta! No meio de toda essa turbulência, Deus tem me dado, claramente, demonstrações de sua proteção e cuidado, dia após dia. E eu precisava dividir isso com vocês para que tenham certeza de que, não importa quão grande seja o seu sofrimento ou quão inconsistente pareça sua vida em algum momento, Ele estará lá, em todos os minutos, amando e cuidando!

Em segundo lugar, eu queria muito escrever nossa história porque, nos textos, os momentos ficam registrados para sempre, o amor subsiste, as pessoas não morrem...

Bjos e bênçãos!
Mirys